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O papa contra a pedofilia

Em sua ação mais incisiva contra a pedofilia na Igreja Católica, o papa Francisco ordenou na terça-feira (23) a prisão domiciliar do ex-arcebispo polonês Jozef Wesolowski, acusado de abusar sexualmente de crianças quando ocupava o cargo de núncio apostólico (embaixador do Vaticano) na República Dominicana.

Trata-se de evidência do comprometimento de Francisco com o combate à pedofilia, problema que ele próprio elegeu como prioritário desde o início de seu pontificado, 18 meses atrás.

O caso vinha sendo considerado simbólico não só devido à presença de um membro do alto clero no papel de acusado mas também porque, no começo do escândalo, a igreja tomou decisões ambíguas.

No ano passado, quando a imprensa dominicana publicou relatos de que Wesolowski pagava para manter relações sexuais com crianças, o Vaticano logo o retirou do país caribenho, deixando a impressão de que manobrava para o religioso escapar da Justiça local.

A sensação de que o episódio seria tratado com panos quentes se dissipou no mês passado. Após investigação interna encontrar fortes indícios contra o ex-núncio, ele perdeu a imunidade diplomática.

O próximo passo, agora, deve ser o julgamento pela Corte do Vaticano; Wesolowski poderá ser condenado a até 12 anos de prisão, num processo sem precedentes contra clérigos suspeitos de pedofilia.

O encarceramento do ex-núncio no Vaticano, no entanto, está longe de resolver o problema. A comissão criada pelo papa em dezembro para estudar o assunto ainda não indicou, por exemplo, como a igreja lidará com diversos bispos que acobertaram padres envolvidos com esse crime.

O combate sem privilégios ao abuso de crianças e adolescentes faz parte das reformas impulsionadas por Francisco. Atuando tanto interna como externamente, o pontífice tenta debelar focos de escândalos --como os desvios no banco do Vaticano-- e sinaliza posições mais flexíveis sobre gays e divórcio.

A provável condenação de Wesolowski sem dúvida representará um avanço no caminho que o papa Francisco propôs para aumentar a transparência da Igreja Católica e coibir práticas criminosas.

Mas, por exemplar que seja, este é apenas um caso --e são inúmeras as denúncias. Ainda não se sabe se a igreja conseguirá implantar um sistema de controle mais eficaz que a cumplicidade corporativa.


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