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Distante da meta

Resultado do mês de agosto reforça percepção de que país não poupará tanto quanto prometeu, o que aumenta descrédito da economia

Se ainda fossem necessárias novas provas para atestar o descalabro das contas públicas, elas vieram no mês de agosto, quando União, Estados, municípios e empresas estatais gastaram R$ 14,5 bilhões a mais do que arrecadaram.

Com esse resultado negativo, o saldo acumulado neste ano caiu para R$ 10,2 bilhões, pouco mais de 10% do que o governo, considerando todas as esferas, prometeu poupar a fim de pagar dívidas. Deve-se a maior parte da frustração à administração federal, que até aqui atingiu 2% dos R$ 80,8 bilhões que estabeleceu como meta.

Nem por isso o secretário do Tesouro, Arno Augustin, reconheceu que será obrigado a revisar o plano. Seus assessores dizem sem cerimônia que nada será feito antes das eleições, para não prejudicar a imagem da presidente Dilma Rousseff (PT) na gestão da economia.

Retórica à parte, o Tesouro já não consegue disfarçar a deterioração das contas e talvez comece a perceber que os truques contábeis causam danos à credibilidade do país. Um pedaço do rombo de agosto parece decorrer da normalização de repasses que vinham sendo retidos com vistas a engordar o saldo de meses anteriores.

Contudo, se houve forte expansão no pagamento de seguro desemprego, abono salarial e benefícios sociais, persistem a subestimação das despesas com precatórios e a falta de clareza em relação aos subsídios ao BNDES, entre outras camadas de maquiagem.

Debaixo dessa capa cosmética está, indisfarçável, o fato de que a época do dinheiro fácil acabou. As receitas estagnaram e podem cair, já que a economia não cresce.

A população parece fadada a conhecer novos aumentos de tributos em 2015, sem o que será difícil equilibrar as contas nacionais. Basta dizer que o deficit nominal, que inclui os gastos com juros, atingiu 4% do PIB, o pior patamar desde o auge da crise mundial, em 2009.

O quadro é de rápido crescimento da dívida pública, já em torno de 60% do PIB, nível muito acima da média de outros países em desenvolvimento (em torno de 40%). Não procede, portanto, a avaliação de que o governo deve pouco. Continuar com esse tipo de ilusionismo provocará estragos ainda maiores.

Verdade que a economia do Brasil tem demonstrado grande resiliência --por mérito, sem dúvida, de suas empresas e seus cidadãos. Mas não vale a pena arriscar.

Ao permitir tamanha degradação em suas contas, o governo contribui para aumentar a sensação de insegurança que se espalha pelo país. Só colhe com isso a paralisia dos investimentos, do crédito e do emprego. A persistir nessa direção, não tardará para a população mais carente sentir o baque.


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