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Opinião

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Estelionato à vista

Pesquisas de intenção de voto para governador das 27 unidades federativas indicam boas chances de que metade das disputas termine hoje (5). É uma pena. O país só tem a ganhar quando os confrontos se prolongam no segundo turno.

Prescrita pela Constituição de 1988, a segunda rodada ocorre quando nenhum candidato conquista mais de 50% dos votos. Sem esse instituto, o Brasil já conheceu, por exemplo, a onda de inconformismo que acompanhou o começo do governo de Juscelino Kubitschek (1956-1960), preferido por 36% do eleitorado.

As vantagens do mecanismo não se limitam ao que possa acrescentar em termos de respaldo popular e legitimidade política a candidaturas que de outra forma chegariam ao poder com o apoio de parcela minoritária da sociedade.

Sua importância também se mede pela qualidade das discussões que proporciona. Na primeira fase da campanha, a legislação permite duas distorções: é muito desigual o tempo que cada candidato tem no horário eleitoral; a presença dos nanicos nos debates quase inviabiliza confrontos diretos.

Esses fatores são anulados no segundo turno. Com igualdade de armas e só dois postulantes, torna-se mais fácil comparar propostas e verificar promessas com rigor. Nem mesmo os favoritos conseguem escapar, nessas condições, de temas espinhosos, como correção de tarifas e aumento de impostos.

A essas razões somam-se, por vezes, motivos conjunturais. Na disputa presidencial de 2010, fazia sentido que Dilma Rousseff (PT), então sem experiência em cargo eletivo, passasse por nova etapa de exposição à controvérsia.

Neste ano, o melhor exemplo vem de Geraldo Alckmin (PSDB). O veterano governador de São Paulo caminha para ser reeleito no primeiro turno, apesar dos muitos problemas que o Estado enfrenta.

Viriam a calhar, sem dúvida, melhores explicações sobre a disparada dos casos de roubo ou o descalabro nas universidades públicas. Mas nada supera a falta de transparência em relação à crise hídrica.

Enquanto parcelas crescentes da população reclamam de falta de água e o sistema Cantareira se esgota, a Sabesp atrasa a divulgação de proposta para usar a segunda cota do volume morto das represas. Consta que o projeto será apresentado amanhã (6).

Se, como tudo sugere, a eleição se decidir hoje, Alckmin terá tirado da população o direito de dizer se concorda com o plano do governo para lidar com uma situação para a qual sua gestão --e 20 anos de tucanato no Estado-- não se preparou. Não é preciso mais do que isso para justificar um segundo turno.


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