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Opinião

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Falta de água é coisa séria

Convidada pelos vereadores de São Paulo a prestar esclarecimentos sobre a crise hídrica que se abate sobre a cidade, a presidente da Sabesp, Dilma Pena, saiu-se com uma pérola: "Não existe racionamento, existe administração da disponibilidade de água".

Parece piada pronta. Segundo Pena, o racionamento caracteriza-se pela despressurização de todas as redes de abastecimento do município, com o que determinadas áreas ficam de fato sem água. "Isso não acontece no Estado de São Paulo", completou.

No momento, afirmou a presidente da companhia paulista de saneamento básico, registram-se apenas problemas pontuais, em locais altos, distantes dos centros de distribuição e em casas que não têm caixa-d'água apropriada.

Pontuais? Pesquisa Datafolha realizada em 12 e 13 de agosto indicou quadro diferente: 46% dos paulistanos relataram ao menos um corte de água nos 30 dias anteriores; em maio, eram 35%.

Os vereadores terão oportunidade de voltar a essa questão. O depoimento de Dilma Pena à CPI instaurada pela Câmara Municipal para cuidar da crise hídrica foi interrompido ontem (8), mas será retomado na semana que vem.

A presidente da Sabesp poderá então explicar por que o governo do recém-reeleito Geraldo Alckmin (PSDB) não age com a transparência que o tema exige. Ou dirá que existe somente uma "administração da disponibilidade de informações"? Quanto mais a população souber, mais poderá colaborar com a economia de água.

Embora esta seja uma estiagem recorde, não faltaram avisos às gestões tucanas que comandam o Estado desde 1995. Diversos relatórios técnicos apontaram a necessidade de aumentar a capacidade de reservação. Os governadores, contudo, foram omissos. Agora que os prejuízos são inevitáveis, resta apenas minimizá-los.

Foi para isso, aliás, que o Ministério Público ajuizou ação civil pública demandando que se limite a retirada de água do sistema Cantareira. Responsável pelo abastecimento de quase 9 milhões de pessoas na região metropolitana de São Paulo, o conjunto de represas está praticamente exaurido.

Ato contínuo, Marco Antonio Lopez Barros, superintendente de Produção de Água da Sabesp, disse à rádio CBN que, "quanto maior a redução, maior a capacidade de recuperação do sistema com as chuvas que se avizinham".

Ou seja, para ser menos drástica, a reação do governo deveria ter começado meses antes, mas Alckmin demonstrou, ao deixar a situação chegar a esse ponto, que se pauta pelo calendário eleitoral.


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