Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Opinião

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Fissuras europeias

Entre as principais regiões econômicas do mundo, a Europa tem tido as maiores decepções quanto à retomada do crescimento. O PIB da zona do euro estagnou no primeiro semestre, e as perspectivas para o restante do ano não são animadoras. Pior, ainda não há entendimento entre as autoridades sobre como lidar com o problema.

A Itália está de novo em recessão, a França não cresce e até o motor alemão começa a ratear. Em suas projeções mais recentes, o FMI aponta 40% de chance de outra contração na região.

Uma mudança e tanto; no início do ano, estimava-se expansão de 2%. Com a atividade fraca, a inflação caiu a 0,6% nos últimos 12 meses, aquém da meta (abaixo, mas perto de 2%) do Banco Central Europeu. Não por acaso o órgão adotou novas medidas de estímulo.

Levou os juros a zero e indicou há alguns meses que comprará papéis no mercado, com o objetivo de destravar o crédito para pequenas e médias empresas. Demandou, além disso, que os países com folga orçamentária gastassem mais, numa clara referência à Alemanha.

Parecia há alguns meses que estava em gestação novo consenso: o banco central estimularia os mercados com mais dinheiro na praça, em conjunto com mais gastos públicos, focados em infraestrutura, e esforços renovados de reforma nos países mais atrasados nesse quesito (França e Itália).

Os mercados se animaram; ações de empresas europeias atingiram picos em agosto. Desde então, no entanto, as fissuras políticas voltaram a aparecer.

Há poucas semanas, a França, sempre refratária à austeridade, anunciou que não atingirá a meta de deficit público (3% do PIB) com a qual havia se comprometido para 2015. O desvio não será pequeno: o buraco permanecerá em 4,3% do PIB, o que deve gerar alguma reação da Comissão Europeia.

Enquanto isso, os alemães começaram a protestar, receosos de que os ajustes na periferia percam força pelo mau exemplo francês. Também veem riscos no excesso de dinheiro na praça patrocinado pelo Banco Central Europeu, que daria muita folga a governos até agora menos comprometidos com mudanças estruturais.

O desacordo aumenta o temor de paralisia decisória num momento crítico. Em 2012, a falta de unidade política quase levou à ruptura da moeda única. Agora, o risco é de nova e prolongada recessão, com efeitos ruins para todo o mundo.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página