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União de conveniência

Entendimento entre governo federal e São Paulo na área da segurança serve para salvar as aparências, após canhestra troca de acusações

Reunidos no Palácio dos Bandeirantes, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, anunciaram parceria para enfrentar a onda de violência que assola o Estado.

Apresentou-se a criação de uma enigmática "agência de ação integrada" para unir forças no combate ao crime organizado. E, como previsto, Brasília ofereceu vagas em penitenciárias federais de outros Estados para a transferência de prisioneiros ligados à facção criminosa que atua nos presídios paulistas.

Pode-se prever que os efeitos das medidas sobre a segurança pública serão discretos. O acordo parece ser mais uma maneira de a presidente Dilma Rousseff e o governador Alckmin salvarem as aparências, após uma série de rusgas entre as duas esferas de governo.

Com efeito, nas últimas semanas, o ministro Cardozo e o secretário da Segurança de São Paulo, Antonio Ferreira Pinto, deixaram-se envolver numa infeliz troca de recriminações, marcada por rivalidades e interesses políticos.

Potencial candidato petista ao Bandeirantes, o ministro acusou o Estado de rejeitar ajuda federal. Ferreira Pinto retrucou, afirmando que Cardozo faltava com a verdade e politizava o tema da segurança. "Alguém está querendo criar desordem onde há ordem", contra-atacou o secretário, em nota oficial.

Antes, o governo paulista havia responsabilizado a União por falhas no policiamento de fronteiras, que permitiriam a entrada de armas e drogas no Estado.

Tais desentendimentos só serviram para difundir uma imagem de desavença entre autoridades, no momento em que a população tem justificadas razões para sentir-se apreensiva e insegura.

Não há dúvida de que o quadro preocupa, mas tem razão o governo Alckmin ao insistir que a situação difere da de outros Estados. Não faz sentido, por exemplo, a ideia de que São Paulo precisaria, nos moldes do Rio, de tropas do Exército e de unidades especiais de polícia para pacificar favelas.

A PM paulista tem efetivos para controlar territórios e não há guerra por disputa de pontos de tráfico. A crise parece ser, ao menos em parte, fruto de uma política de segurança que se acomodou aos bons resultados obtidos na última década -e deixou de evoluir.

Na falta de avanços na área investigativa e nas ações para estrangular as finanças do crime, optou-se pelo reforço da estratégia do enfrentamento, em reação aos seguidos assassinatos de policiais.

O resultado é a atual escalada de confrontos e mortes, que cabe ao governo do Estado conter, com ou sem ajuda federal.


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