Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Opinião

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Pacificação paulista

Geraldo Alckmin reconhece situação grave na Segurança Pública e troca secretário; Fernando Grella traz fama de negociador para debelar crise

A inquietante crise de segurança pública por que passa o Estado de São Paulo muda de fase hoje, com a posse de um novo secretário para a área, Fernando Grella Vieira. Deixa o posto Antonio Ferreira Pinto, desgastado pela recente onda de violência.

Em quatro semanas, mais de 250 pessoas foram assassinadas na região metropolitana de São Paulo, média de dez por dia. Desde o início de 2012, quase uma centena de policiais militares encontrou a morte em serviço ou no horário de folga -o dobro de 2011, faltando um mês para terminar o ano.

Os escores macabros divulgados a cada dia inflaram a sensação de insegurança. Bastaram poucos meses para anuviar -embora mais no plano da percepção pública do que no dos números frios da estatística- as significativas conquistas da última década, quando a taxa de homicídios no Estado caiu ao patamar de dez por 100 mil, menos da metade da média nacional.

Com o desenrolar da guerra não declarada entre a facção criminosa instalada nos presídios paulistas e a Polícia Militar, a situação de Ferreira Pinto ficara insustentável.

O secretário resistiu, até o limiar da irracionalidade, ao envolvimento do governo federal no esforço de combate ao crime organizado -apenas para terminar desautorizado pelo anúncio de um acordo com o Ministério da Justiça.

A volta das chacinas na periferia paulistana foi seguida de um bloqueio de informações sobre as ocorrências. Isso contribuiu para reforçar a hipótese, sinistra, de envolvimento de policiais em ao menos algumas delas.

Mantido na Segurança Pública por Geraldo Alckmin depois de comandar a pasta na gestão de José Serra, ambos do PSDB, Ferreira Pinto viu o merecido conceito de inimigo da corrupção policial converter-se num calcanhar de aquiles. Ao eleger como alvo setores da Polícia Civil, acabou por criar arestas com boa parte da corporação.

Sem poder contar com ela, concentrou na Polícia Militar os esforços para derrotar a facção. A PM, no entanto, é uma organização mais talhada para o confronto armado do que para a investigação. O combate, mais que necessário, perdeu em eficiência.

Fernando Grella, o sucessor, chega ao posto com perfil muito diverso. Assim como Ferreira Pinto, provém do Ministério Público estadual, mas as semelhanças param aí. Ferreira Pinto passou antes pela PM; Grella foi Procurador-Geral de Justiça do Estado, mas fez quase toda a carreira na área cível.

Na chefia do Ministério Público, granjeou fama de negociador hábil. Se vier a confirmá-la na Segurança Pública e recompuser a coordenação entre as duas polícias, dará um primeiro e inadiável passo para pacificar São Paulo.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página