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Opinião

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Campo do futuro

Setor agrícola colhe os frutos de décadas de incentivo à pesquisa, mas precisa manter investimento e evitar pecha de ameaça ao ambiente

Os dados do PIB no terceiro trimestre revelaram, além da decepção nos setores de serviços (0% de crescimento) e indústria (1,1%), a renovada força da agricultura, que progrediu 2,5%. O campo continua produzindo boas notícias no país.

O IBGE estima que a safra de grãos em 2013 deva atingir 170,9 milhões de toneladas, crescimento de 5,1% em relação a 2012. Os saldos positivos de exportação também só fazem crescer: de US$ 25 bilhões em 2004, a sobra acumulada pelo setor alcançou US$ 104 bilhões no ano passado e deve manter marca semelhante em 2012.

Muito além da produção primária, essa cadeia produtiva representa hoje de 20% a 25% do PIB.

O país detém tecnologia de ponta na agricultura tropical, resultado de décadas de investimento na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e em institutos de excelência, como a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, a Esalq-USP.

O ganho de produtividade transformou o interior do país. Para o bem e para o mal, resultou na ocupação do cerrado pela agropecuária. O ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues já apontou que, em 20 anos, a produção de grãos cresceu 178%, enquanto a área plantada se expandiu só 37%.

Além do destaque em agrotecnologia tropical, que deverá ser exportada para a África nas próximas décadas, o Brasil é hoje o único país de dimensões continentais que ainda conta com grande potencial para expansão de área plantada. Uma posição invejável, tendo em vista a fragilidade da segurança alimentar no mundo.

Os estoques globais de alimentos estão baixos. A quebra na safra americana de milho e soja provocou um novo salto nos preços. A questão agrícola ganha dimensão geopolítica e está na raiz do interesse estrangeiro em financiar a produção brasileira.

Os saldos comerciais do agronegócio brasileiro devem seguir em expansão. Em uma década, podem superar US$ 200 bilhões ao ano.

O principal destinatário será a China, que absorveu 24,3% dos produtos agrícolas vendidos pelo Brasil no primeiro semestre. O país asiático está prestes a se transformar no maior comprador, superando a União Europeia. A soja representa 67% das vendas à China.

O grande desafio é dar conta da demanda crescente por alimentos sem afetar a preservação ambiental, que será cada vez mais usada para pressionar o Brasil. O modo racional de liberar terra para cultivo não é desmatar, mas elevar a produtividade da pecuária -hoje de mera 1,2 cabeça por hectare-, ocupando menos que os atuais 20% do território para pastagens.

Outros requisitos para o Brasil expandir suas vantagens comparativas no agronegócio são o acesso ao crédito e o investimento renovado em pesquisa. Seus saldos comerciais garantem âncora sólida para a estabilidade das contas externas, condição necessária para o crescimento sustentável do PIB.


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