Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Opinião

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Atraso comercial

Maiores economias criam redes multinacionais e acordos bilaterais para apoiar cadeias de produção, mas Brasil se isola e fica para trás

O Brasil corre risco de ficar à margem do comércio mundial. Letárgico e conservador, prende-se à ilusão de defender seus interesses ao fincar pé em políticas de proteção comercial anacrônicas desde os anos 1990 e que se tornarão obsoletas na nova geografia econômica mundial que se desenha.

A sonolência do comércio global após a crise de 2008, suspiros protecionistas e o fracasso das negociações de abertura na Organização Mundial do Comércio (OMC) podem ter passado a impressão de que as relações econômicas internacionais haviam sido congeladas no padrão do final dos anos 1990.

Desde então ficou travada a tentativa de promover um acordo planetário, a nova carta do comércio. Resultaram em impasse os 11 anos da chamada Rodada Doha da OMC.

As forças e os interesses dos centros relevantes da economia mundial, países ricos do Atlântico Norte e Japão, mais os superexportadores do Sudeste Asiático, continuaram a transformar as relações econômicas internacionais.

A produção de mercadorias, e em alguns casos até de serviços, é mais e mais multinacional. Cada país se torna parte de uma extensa cadeia de produção que não pode funcionar com barreiras ao comércio, regulação equivocada da circulação de capitais e desproteção dos direitos de propriedade.

O proprietário americano ou japonês de uma patente pode desenhar produtos na Europa, comprar componentes em países menores da Ásia e montá-los em parte na China, no México ou na Turquia. Precisa de fronteiras livres e seguras. A fim de tornar mais eficiente e dar segurança econômica e jurídica a essas cadeias, os países envolvidos criam redes de comércio.

A Parceria Transpacífica é negociada desde 2010 por EUA, Canadá, México, Austrália, Nova Zelândia, Brunei, Malásia, Cingapura, Vietnã, Chile e Peru -Japão, Coreia do Sul e Tailândia podem aderir. Os EUA e a União Europeia vão firmando acordos bilaterais com nações asiáticas e latino-americanas (Chile, Peru e Colômbia).

Em resumo, as economias dinâmicas e ricas se integram. A China começa a se movimentar. Procura ainda timidamente se acoplar a essas redes multinacionais por meio de conexões regionais.

Tais cadeias de acordos vão redundar em redução de custos e uniformização de normas. As nações participantes tenderão a atrair mais investimentos.

Ensimesmado, o Brasil está à margem dos debates. Enterra a cabeça na areia de ilusões autárquicas e nacionalistas velhas de mais de 50 anos. Não parece capaz de pensar e defender seus interesses na nova ordem que rapidamente se configura. Corteja, assim, o atraso.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página