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Opinião

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Cuba avança, devagar

Ao facilitar, na semana passada, a concessão de passaportes para cidadãos que queiram viajar para o exterior, o regime cubano deu mais um passo na sua tímida liberalização.

A ineficiência crônica do modelo socialista tornou-se patente para o próprio governo, sobretudo após o colapso da União Soviética, que financiava a ilha caribenha até 1991. O ditador Fidel Castro viu-se obrigado a reintroduzir uma incipiente economia de mercado sob forte tutela do Estado.

O ritmo das reformas tornou-se menos lento em 2008, quando a precária condição de saúde de Fidel resultou na transferência de poder ao ministro da Defesa, seu irmão Raúl Castro.

Para fazer frente à bancarrota, o governo passou a estimular pequenos negócios, elevou impostos e cortou funcionários -num país onde o Estado emprega 80% da força de trabalho.

O intento é repetir a proeza dos partidos comunistas da China e do Vietnã, que admitem formas limitadas de capitalismo sem abrir mão da ditadura. Um roteiro arriscado, como mostra o exemplo da própria União Soviética, que sucumbiu a pressões democráticas ao tentar implantá-lo.

O regime agora se sustenta na Venezuela de Hugo Chávez, que subsidia o petróleo consumido em Cuba e emprega 30 mil médicos cubanos. O futuro da ilha depende do amanhã também incerto da autocracia venezuelana.

Não será este, porém, o principal fator a moldá-lo, mas o comportamento da "diáspora cubana" -a próspera comunidade exilada. Enquanto Cuba tem 11,4 milhões de habitantes, 1,2 milhão de cubano-americanos vivem nos Estados Unidos, concentrados na Flórida, a 150 km da ilha.

Com a derrocada da produção do açúcar (outrora principal item na exportação; hoje é o níquel), as remessas dos exilados tornaram-se uma das maiores fontes de receita da economia depauperada. A concessão maciça de passaportes, ao preço de US$ 100 cada, será em grande parte financiada por eles.

Cuba tem recursos turísticos e promissoras reservas de petróleo. Apesar do descalabro econômico e da corrupção endêmica, seu maior ativo é a população, com o quarto índice de desenvolvimento humano na América Latina, depois de Chile, Argentina e Uruguai.

O melhor desfecho na transição seria que as pressões democráticas forçassem o regime a acelerar as reformas em curso e negociar a concessão de eleições livres, única forma de Cuba emergir da obsolescência e do isolamento.


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