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Ruy Castro

Samba e/é cultura

RIO DE JANEIRO - Outro dia, numa roda de jovens cultos e musicais, mencionei a alta qualidade dos sambas dos velhos Carnavais. Alguém comentou que, de fato, as escolas tinham caído muito. Respondi que não me referia aos sambas das escolas, mas aos que eram tocados nos bailes, rádios e ruas durante o Carnaval. A turma não entendeu. Para eles, a música de Carnaval se resumia aos sambas-enredo e a marchinhas como "Mamãe Eu Quero", "Alá-lá-ô" e "Olha a Cabeleira do Zezé". Quer dizer que se faziam sambas para o Carnaval?

Sim, com grandes letras e melodias, e seus autores eram os bambambãs. Noel Rosa, por exemplo, estourou no Carnaval de 1931 com "Com que Roupa?"; no de 1933, com "Até Amanhã" e "Fita Amarela"; de 1934, com "O Orvalho Vem Caindo"; e, de 1936, com "Palpite Infeliz". Parece mentira, mas o Carnaval de 1931 foi também o de "Se Você Jurar", de Ismael Silva e Nilton Bastos, assim como o de 1933, o de "A Tua Vida É um Segredo", de Lamartine Babo, e o de 1934, o do insuperável "Agora É Cinza", de Bide e Marçal.

O de 1935 produziu "Foi Ela", de Ary Barroso; o de 1937, "Abre a Janela", de Arlindo Marques Jr. e Roberto Roberti, e "Camisa Listada", de Assis Valente; o de 1939, "Meu Consolo É Você", de Nássara e Roberto Martins; e o de 1940, "Ó Seu Oscar!", de Ataulpho Alves e Wilson Baptista. E quem cantava tudo isso? Mario Reis, Francisco Alves, Orlando Silva, Ciro Monteiro, Carmen Miranda.

A lista não cabe aqui. De 1942 saíram "Ai, que Saudades da Amélia", de Ataulpho e Mario Lago, e "Emília", de Haroldo Lobo e Wilson. De 1945, "Isaura", de Herivelto Martins e Roberto Roberti, e "Fica Doido Varrido", de Benedito Lacerda e Frazão. E assim foi até, pelo menos, o Carnaval de 1963, com "Eu Agora Sou Feliz", de Gato e Jamelão.

Não chame a isto de saudosismo. Chame de cultura brasileira.


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