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Opinião

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União dos sonhos

Se de fato avançar, zona de livre-comércio entre EUA e União Europeia criará bloco capaz de rivalizar com a China, mas vai demorar

A perspectiva de uma zona de livre-comércio que reúna os Estados Unidos e a União Europeia não passa por ora de uma ideia ambiciosa. Se um dia vir a luz do sol, o maior bloco econômico planetário passará por longa gestação.

As negociações para chegar a um acordo, tal como antevisto pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e pelo presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, deveriam terminar até 2015. Se bem-sucedido, produziria um Leviatã responsável por um terço do comércio do mundo, hoje, embora seus habitantes representem pouco mais de um décimo da população global.

Sem dúvida estaria criado um polo capaz de rivalizar com o dragão chinês, cuja economia, segundo algumas projeções, deve ultrapassar a dos EUA nesta década. Mas o próprio Barroso prevê que o PIB da UE ganharia modesto 0,5% com o tratado -por coincidência, a cifra empata com o ritmo de queda observado na economia europeia no último trimestre de 2012.

Haveria incremento total de US$ 180 bilhões, em cinco anos, à riqueza produzida dos dois lados do Atlântico Norte. O valor relativamente modesto decorre do fato de que tanto UE quanto EUA aplicam tarifas já muito baixas em seu comércio bilateral; reduzi-las a zero não traria tanto ganho assim.

E, com certeza, isso não aproximaria o superbloco da hiperatividade da China, onde o PIB se expande à taxa de 8% anuais mesmo em tempos de crise. A economia mundial seguiria em duas velocidades: a passo acelerado em países emergentes e devagar, quase parando, em nações desenvolvidas.

Se não tem potencial para sincronizar as marchas desses polos, a pretendida zona de livre-comércio concentraria nos EUA e na UE o poder de mercado conferido pelo volume. Normas legais e padrões sanitários que adotassem se transformariam de pronto em padrão.

Pois é aí, justamente, que se concentram os empecilhos para que a união se forme no prazo cogitado.

Americanos e europeus vivem às turras, há décadas, por subsídios à indústria aeronáutica, transgênicos na agricultura, hormônios na pecuária e uma infinidade de questões. Não será em dois anos que tais diferenças desaparecerão.


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