Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Opinião

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Armistício no G20

Potências reunidas em Moscou decidem arquivar debate sobre a suposta "guerra cambial" denunciada pelo ministro Guido Mantega

A "guerra cambial" tornou-se tema principal no encontro das maiores economias do mundo, a reunião do G20 em Moscou.

Parecia uma vitória diplomática do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que teve grande influência na difusão do termo após 2010. Porém, os países e as instituições financeiras mais relevantes apenas concordaram em deixar tudo como está no que se refere a políticas que afetam a taxa de câmbio.

Em 2010, Mantega criticava o efeito da política monetária americana sobre a moeda brasileira. Taxas de juro zeradas e, na prática, a "impressão" de dinheiro pelos EUA inundavam o mundo de capitais que, em parte, em busca de rentabilidade, se dirigiam ao Brasil. Tal influxo contribuía para valorizar o real, encarecer os produtos brasileiros e baratear importados, prejudicando a produção da indústria e o crescimento.

Os motivos da valorização do real entre 2008 e 2011 são complexos, mas sem dúvida a torrente de dólares liberada pelo relaxamento monetário americano foi um dos fatores determinantes. De fato, as providências do governo e do Banco Central dos EUA para estimular sua economia acabaram por desvalorizar o dólar em relação às moedas de seus principais parceiros comerciais. O iene e mesmo o combalido euro se valorizaram.

Países asiáticos adotaram medidas para se proteger do influxo excessivo de capitais. Neste ano, mesmo países mais liberais na América Latina, como México, Chile e Peru, passaram a se queixar.

Recentemente, o novo governo japonês tomou providências que, enfim, desvalorizaram o iene. Tal movimento causou certo tumulto nos mercados e sugeriu que poderia ser deflagrada uma "guerra cambial" aberta, o assunto do G20.

Mas os países mais importantes do grupo concordaram em aceitar os efeitos das políticas de seus parceiros de cúpula, posição ainda referendada pelo FMI. Não se trata de desvalorizações competitivas, mas de medidas domésticas corretas, que têm efeitos sobre câmbio e comércio. Tal dano, porém, é colateral, menor e inevitável.

Enfim, os países que podem desvalorizar suas moedas -entre outros motivos por sua inflação baixa- o farão, seja qual for o motivo.

Não se trata do caso do Brasil. Essa porta está fechada para o país: câmbio mais desvalorizado pressiona ainda mais uma inflação que está em alta. O recurso à queixa política internacional, já antes quixotesco, agora se torna insustentável depois do G20 de Moscou.

O governo terá de procurar alternativas a uma retórica que se esgotou.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página