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Impasse italiano

Resultados de eleições dificultam formação de maioria no Parlamento e levam intranquilidade aos mercados financeiros

A volta à cena de Silvio Berlusconi e a expressiva votação do ator e comediante Beppe Grillo indicam que a volatilidade, mais que nunca, se tornou a principal característica da política italiana.

Se a dificuldade de formar coalizões majoritárias no Parlamento não constitui novidade na história do país, assiste-se agora a uma situação ímpar. O desprestígio habitual de partidos e lideranças foi ainda mais erodido pela grave crise da economia na zona do euro.

Ao cobrar medidas austeras e impopulares, a situação da economia corrói a popularidade de qualquer governante e propicia a venda de ilusões efêmeras e niilismo político no mercado do voto.

Com efeito, o atual primeiro-ministro italiano, Mario Monti, o preferido dos empresários, do mercado financeiro e da União Europeia, é a mais recente vítima da política de ajuste fiscal que tem combalido governos de variadas tendências ideológicas no continente. Como previsto, ficou em quarto lugar.

Já Berlusconi, substituído por Monti em meio a denúncias de corrupção, escândalos sexuais e descontrole financeiro, ressurgiu em seu conhecido papel de líder personalista, autoritário e conservador, que seduziu a classe média italiana em anos anteriores. Com 29,1% dos votos na Câmara, por pouco não bateu o primeiro colocado, Pier Luigi Bersani, do Partido Democrático (ex-comunista), de centro-esquerda, que teve 29,5%.

O "cavaliere" (cavaleiro), como o ex-premiê é conhecido em seu país, também surpreendeu no Senado. Segundo projeções, ainda pode obter o maior número de cadeiras.

Também notável foi o desempenho de Grillo, com uma plataforma de rejeição aos políticos tradicionais. Seu Movimento Cinco Estrelas (M5S) alcançou cerca de 25% dos votos em cada uma das Casas.

Embora Bersani tenha conquistado maioria na Câmara e possa fazê-lo no Senado, dificilmente conseguirá formar uma aliança majoritária no Parlamento. O líder de centro-esquerda, como seria de esperar, já rechaçou a hipótese de uma composição com Berlusconi.

Seu intuito, segundo um representante da coalizão, seria montar um governo "de mudança" -o que sugere tratativas com Grillo. As primeiras reações do ator, entretanto, foram no mínimo ambíguas.

Os próximos dias ou semanas deverão ser marcados por conversas e tentativas de entendimento. Não é improvável, devido às dificuldades, que ao final do processo um novo pleito seja convocado.

Nessa hipótese, Monti ganharia um breve período extra como primeiro-ministro. Politicamente desgastado, teria ao menos a vantagem de manter provisoriamente os mercados menos intranquilos.


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