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Favelas do Alemão se preparam para receber peregrinos

Moradores abrem portas para hospedar viajantes que vêm para a Jornada Mundial da Juventude, em julho

Evento terá presença do papa Francisco; risco de violência ainda ameaça o sonho de famílias que preparam suas casas

FABIO BRISOLLA DO RIO

Com vista para os bondinhos do teleférico do Complexo do Alemão, o terraço da casa de Maria Almerinda Bolzan, 54, já está reservado para receber peregrinos que virão ao Brasil para a Jornada Mundial da Juventude.

O encontro internacional de jovens católicos no Rio de Janeiro deverá acontecer no mês de julho, com a presença do papa Francisco.

"O espaço será suficiente para abrigar quinze pessoas", calcula Maria Almerinda, frequentadora assídua da igreja matriz de Nossa Senhora de Guadalupe, paróquia formada por outras oito capelas em apenas uma parte do complexo de favelas.

O conjunto de 13 comunidades do Alemão soma quatro paróquias distintas. Juntas, elas já cadastraram 1.000 residências no programa Família de Acolhida, criado pela organização da Jornada Mundial da Juventude para organizar a estadia dos peregrinos em lares cariocas.

As portas abertas na região até o momento somam aproximadamente 4.000 vagas de hospedagem.

Apesar da considerável adesão da comunidade católica local, o Alemão e outras favelas da cidade ainda podem ser excluídos do roteiro das "Famílias de Acolhida".

PADRES

Alheios aos conflitos e às dúvidas sobre hospedagem, dois padres cariocas estão determinados a pôr o complexo do Alemão no mapa da Jornada Mundial da Juventude.

Júlio Cesar Lopes Souza, 29, e William Bernardo, 36, conduzem a paróquia de Guadalupe desde o início do ano passado. Nesse período, formaram um grupo com mais de 40 voluntários que bate de porta em porta em busca por abrigo aos peregrinos da Jornada Mundial da Juventude.

"A Jornada é uma realidade para nós. A Jornada já começou dentro do Alemão", disse padre William.

Cada nova família de acolhida contabilizada é visitada por um voluntário, que tem a função de avaliar o recinto escolhido para o peregrino. O mesmo procedimento adotado em outras áreas do Rio de Janeiro.

"Se a dona da casa é idosa, ela pode, por exemplo, não se adequar aos horários dos jovens", pondera padre Júlio.

Ele está acostumado a conclamar seus fiéis em suas celebrações a abrir as portas para os peregrinos.

"Como católica, me vi na obrigação de receber essas pessoas", afirmou a dona de casa Maria das Graças Santana, 53, que está aguardando a vinda de quatro peregrinos para sua residência.

Além de esperar pelos jovens da Jornada Mundial da Juventude, os católicos do Complexo do Alemão estão ansiosos por outra visita.

Desde que a ida a uma favela passou a ser uma possibilidade no roteiro do papa Francisco, muitos moradores estão apostando na popularidade da região.

"Tenho esperança. Queria muito que o papa viesse nos visitar. Só se fala de 'Salve Jorge' [a novela da Globo]. Chegou a hora de são Francisco", concluiu, esperançosa, a fiel Maria Almerinda.

SEGURANÇA

O comitê organizador da Jornada Mundial da Juventude informou à Folha que a hospedagem dos peregrinos em favelas ainda depende da aprovação das autoridades em segurança pública.

Em novembro de 2010, as comunidades do Alemão e do vizinho Complexo da Penha foram ocupadas por policiais e forças militares. Mais tarde, o governo estadual instalou UPPs (Unidade de Polícia Pacificadora) nas duas áreas.

Três anos depois, ainda existe tensão nas favelas do Complexo do Alemão.

Na semana passada, houve uma intensa troca de tiros durante 30 minutos entre policiais e traficantes de drogas na área conhecida como Pedra do Sapo. As balas chegaram a atingir o contêiner que era utilizado como base por equipes da UPP.


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