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Argentina repassa a comissão dados sobre casos de brasileiros

Serão analisadas pelos investigadores do Brasil mais de 60 caixas de documentos hoje nos arquivos do país vizinho

Comissão da Verdade deve se concentrar nos casos dos 11 brasileiros mortos na Argentina entre os anos 70 e 80

SYLVIA COLOMBO DE BUENOS AIRES

O coordenador da Comissão da Verdade, Paulo Sérgio Pinheiro, disse ontem em Buenos Aires que serão investigadas mais de 60 caixas com documentos relevantes para a apuração de crimes cometidos contra brasileiros pelas ditaduras dos dois países.

Os papeis encontram-se atualmente na chancelaria e nos arquivos argentinos.

"Os documentos podem ajudar a esclarecer a morte de brasileiros aqui no tempo em que ambos os países viviam ditaduras. Também podem dar pistas sobre sistemas de colaboração entre os governos militares", disse, em entrevista a jornalistas.

Pinheiro e uma equipe de investigadores foram recebidos nos últimos dias por autoridades argentinas e por entidades relacionadas a direitos humanos, como as Mães e as Avós da Praça de Maio, e pelo ex-juiz espanhol Baltasar Garzón, atualmente dividindo a residência entre a Argentina e a Colômbia.

COOPERAÇÃO

São conhecidos os casos de 11 brasileiros mortos na Argentina entre os anos 70 e 80. A lista já havia sido divulgada pela Conadep (Comissão Nacional de Pessoas Desaparecidas), que investigou os crimes da repressão durante a gestão Raúl Alfonsín. Porém, faltam detalhes sobre as condições de suas mortes.

"Há imensa boa vontade do lado argentino. Nós também nos propusemos a ajudar a investigar as desaparições de argentinos em território brasileiro no período", disse Pinheiro.

Existem, pelo menos, cinco casos de militantes argentinos que sumiram no Brasil.

Além dos documentos, a comissão pediu acesso a detalhes do julgamento da Esma (Escola Mecânica da Armada), que terá desenlace neste ano, que possam revelar detalhes sobre os casos brasileiros.

O caso mais famoso é o do pianista Tenório Jr., o Tenorinho, músico da banda de Vinicius de Moraes, desaparecido em 18 de março de 1976, poucos dias antes do golpe militar no país.

Depois da Argentina, a comitiva ainda visitará o Paraguai, o Uruguai, o Chile e outros países onde são conhecidos casos de brasileiros desaparecidos.

"É preciso reforçar, apenas, que há muita diferença entre o caso argentino e o brasileiro. Aqui, eles vêm investigando para julgar, o que não é o nosso caso, que é apenas esclarecer", afirmou Paulo Sérgio Pinheiro.

Desde os anos 80, e com especial ênfase nos governos Kirchner, a Argentina levou aos tribunais mais de 700 casos, entre eles o de ex-ditadores como Jorge Rafael Videla, que hoje cumpre pena de prisão perpétua.


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