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Polêmica envolvendo laudos domina 3º dia de júri do caso PC

Método usado há quase 17 anos podia dar 'falso positivo', diz especialista que referendou tese de homicídio-suicídio

Peritos do 2º laudo, segundo o qual a namorada de PC não se matou, serão ouvidos no julgamento hoje

DO ENVIADO A MACEIÓ COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM MACEIÓ DE SÃO PAULO

A polêmica envolvendo os laudos periciais das mortes de Paulo César Farias e Suzana Marcolino voltou ontem ao foco das discussões, quase 17 anos após o crime.

No terceiro dia de julgamento em Maceió dos quatro seguranças de PC acusados de envolvimento nas mortes, peritos de Alagoas e Badan Palhares, que na época era da Unicamp, detalharam como chegaram ao laudo de 1996 que fundamentou a tese de homicídio-suicídio, primeira conclusão da polícia.

Para eles, não há dúvida de que Suzana matou PC e depois se matou, ao lado dele.

No entanto, os dois primeiros peritos que examinaram os corpos disseram que o exame de resíduos feito nas mãos do casal não é conclusivo.

Anita Gusmão, do Instituto de Criminalística de Alagoas, disse que o método usado à época, o exame de Griess, é "primário" e caiu em desuso porque "deixava a desejar".

Nele, o resultado nas mãos de Suzana deu positivo para pólvora e negativo para as mãos do tesoureiro da campanha de Fernando Collor em 1989 --PC foi o operador do esquema de corrupção que levou ao impeachment do então presidente em 1992.

O perito Nivaldo Cantuária, que repetiu o exame no IML, afirmou que o exame pode dar "falso positivo". "Atualmente, não [é confiável]. Existem outros métodos que pesquisam outros componentes." Perícia da equipe de Palhares apontou chumbo e nitrato nas mãos de Suzana e de PC.

Em um depoimento de 2h30, o mais longo até o momento, Palhares disse ter "certeza absoluta" que Suzana matou PC e depois se suicidou. "O local do crime define por si só que aquilo foi um homicídio seguido de suicídio."

A distância dos tiros, as manchas de sangue, a trajetória das balas, a ausência de agressões e a porta trancada por dentro do quarto são alguns dos elementos para justificar a análise, disse.

DIVERGÊNCIAS

Dois grupos de perícias divergiram no caso. O primeiro, de peritos locais, como Gusmão e Cantuária, e a equipe de Palhares, fundamentou a tese do homicídio-suicídio.

Houve contestações e a Justiça determinou uma nova perícia, coordenada pela equipe de Daniel Muñoz, da USP, e que embasou a conclusão da segunda investigação, de 1999, que apontou duplo homicídio. Os peritos responsáveis devem ser ouvidos hoje.

Ponto-chave das investigações posteriores foi a análise sobre a altura de Suzana --crucial para avaliar o disparo.

Em 1999, a Folha publicou fotos que comprovaram que Suzana tinha no máximo 1,57 m, enquanto Badan considerara 1,67 m, embora não tenha registrado isso em seu laudo. Ontem, Badan admitiu "lapso" ao não incluir a informação, mas procurou defender a tese do 1,67 m.

Além dos peritos, o juiz ouviu cinco testemunhas. A ex-cunhada de PC Farias Eônia Bezerra evitou acusar Augusto Farias, irmão de PC, e seguiu a tese de crime passional defendida por ele.

Os delegados Alcides Andrade e Antônio Carlos Lessa rebateram a acusação feita por Augusto de que teriam tentado negociar o não indiciamento dele. A dupla afirmou também que um porta-voz da família Farias teria tentado subornar um deles.

Anna Marcolino, irmã de Suzana, negou que ela tivesse tendência ao suicídio.


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