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O texto abaixo contém um Erramos, clique aqui para conferir a correção na versão eletrônica da Folha de S.Paulo.

Júri conclui que PC Farias e sua namorada foram assassinados

Julgamento ocorrido 17 anos após o crime, porém, não aponta a autoria dos homicídios

Jurados rejeitam tese de suicídio de Suzana e absolvem 4 ex-seguranças do tesoureiro da campanha de Collor

DO ENVIADO A MACEIÓ COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM MACEIÓ DE SÃO PAULO

O empresário Paulo César Farias e a namorada dele foram assassinados, concluíram ontem os jurados que participaram do julgamento dos ex-seguranças do tesoureiro da campanha presidencial de Fernando Collor.

Até o final do julgamento, havia conflito entre duas teses. A primeira apontava que Suzana Marcolino, 28, matou PC Farias, 50, e se suicidou.

A outra tese sustentava que houve um duplo homicídio na casa de praia do empresário, em Maceió, na madrugada de 23 de junho de 1996.

Apesar da decisão que descartou o suicídio de Suzana, o júri não apontou o autor dos homicídios.

O empresário PC Farias foi o operador do esquema de corrupção que levou ao processo de impeachment de Collor em 1992. Era acusado de sonegação de impostos e enriquecimento ilícito.

Para a Promotoria, os dois foram mortos num crime de "queima de arquivo", mas o Ministério Público nunca apontou um assassino.

Responsáveis pela segurança particular de PC Farias, os PMs Adeildo dos Santos, Reinaldo de Lima Filho, Josemar Faustino dos Santos e José Geraldo da Silva eram acusados de homicídio por terem, no mínimo, se omitido ao não evitar as mortes.

Adeildo e José Geraldo, que estavam de plantão na noite do crime, foram considerados omissos, mas acabaram absolvidos "por clemência".

"Os jurados reconheceram que os acusados tinham o dever, a obrigação, de garantir a vida deles. E foram assim mesmo absolvidos por clemência", disse o juiz Maurício Breda, em entrevista.

Já o promotor Marcos Mousinho disse que os policiais absolvidos sabem quem é o responsável pelo duplo homicídio. "Ninguém sabe [quem puxou o gatilho], só eles [ex-seguranças]."

Mousinho disse não ter decidido ainda se irá recorrer.

Após a leitura da sentença, familiares dos ex-seguranças e o advogado dos réus choraram. "Estou extremamente feliz, satisfeito. Eles [os réus] mereciam isso", disse o advogado José Fragoso.

O juiz determinou ainda que sejam encaminhadas ao Ministério Público acusações feitas contra o ex-deputado federal Augusto Farias, irmão de PC. Durante o julgamento, dois delegados afirmaram que um porta-voz de Augusto ofereceu suborno a eles.

Augusto Faria chegou a ser apontado como o suposto mandante do assassinato do irmão, mas o inquérito foi arquivado em 2002 no STF (Supremo Tribunal Federal).

O advogado de Augusto, o mesmo dos réus inocentados ontem, disse que ainda não há denúncias contra ele.

Dúvidas sobre o crime e guerras de versões marcaram os cinco dias de julgamento.

O advogado que defendia os ex-seguranças se baseou no laudo feito em 1996 por peritos de Alagoas e pela equipe do médico legista Badan Palhares, da Unicamp.

Essa perícia concluiu que Suzana matou PC e se suicidou. Já a acusação se baseou no laudo feito em 1997 pela equipe do legista Daniel Muñoz, da USP. O documento indica duplo homicídio.

Os laudos divergem, entre outras coisas, sobre a altura de Suzana, importante para determinar a trajetória da bala. Em 1999, a Folha publicou fotos que mostravam que Suzana era menor do que PC, o que reforçou a tese de duplo homicídio, acolhida ontem.

Collor não quis comentar o resultado do julgamento.


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