Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Poder

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Família que perdeu tudo vive em casa arruinada

DOS ENVIADOS AO INTERIOR DE PE

Cortador de cana, hoje desempregado, Sebastião da Silva, 47, e a mulher Lindalva, 30, viviam em 2010 com os seis filhos numa comunidade de casebres numa espécie de ilha montada no rio Una, que inundou a cidade de Água Preta, a 121 km de Recife.

Não sobrou nada para eles.

Sebastião fez então seu cadastro em julho de 2010 na Operação Reconstrução, do governo de Pernambuco, como vítima da enchente, para tentar ganhar uma das moradias anunciadas na época.

O tempo passou e a casa não veio.

Ao encontrar a Folha, a primeira reação dele foi tirar da carteira o protocolo de cadastro familiar feito pelo governo estadual com as vítimas da enchente.

Sem ter para onde ir, a família voltou para a zona de risco. Alugou uma casa por R$ 140 por mês, dinheiro que sai do Bolsa-Família recebido por Lindalva.

A casa alugada foi arruinada pela mesma enchente de três anos atrás, na rua Silveira Lessa, à beira do rio e da BR-101.

A rua ficou conhecida na época por ficar completamente debaixo da água. Até hoje, há marcas da tragédia nela.

A família teme reviver o pesadelo de uma nova enchente. "Já começou a chover, veja a situação da casa", conta Sebastião.

A situação da casa é tenebrosa. Destruído pela chuva de 2010, o banheiro ficou a céu aberto, sem qualquer higiene para o casal e seus filhos. Um cano de esgoto estourou a poucos passos da cozinha, deixando um odor insuportável no local. "Esse mau cheiro adoece as crianças", afirma Sebastião.

As paredes, destruídas pela enchente, estão remendadas com tijolos. As roupas secam num varal dentro da sala. Na mesma rua, e vivendo caso parecido, estão José Evandro da Silva, 24, casado e pai de três filhos, e Cícera Maria da Conceição, 42 anos, mãe de dois filhos.

Até agora, apenas 347 casas foram entregues às vítimas de Água Preta.

A Folha visitou esse conjunto. Moradores reclamam da falta de água nos canos das casas e de transporte público, principalmente para levar os filhos à escola.

"Não sai água da torneira. Quando libera, estoura o cano. A gente teve que comprar caixa d'água, balde", reclama Angélica de Lima Correia, 29 anos, mãe de três filhos e que vive com renda de R$ 250 do Bolsa-Família.

Ela reforça ainda a má qualidade da água distribuída pelo caminhão-pipa, dia sim, dia não. "Meu filho ficou 15 dias internado. O botijão de água filtrada custa R$ 5 e não tenho condições." (LC e FG)


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página