Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Poder

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Janio de Freitas

Só jogo duro

O fluxo de dinheiro contra a aprovação da MP dos portos compete com o das correntezas marítimas

Durona, xerife, inflexível --e seguem por aí as qualificações diárias aplicadas a Dilma Rousseff. É a maneira como no Brasil se vê o que seja menos frouxo, ou um pouco mais rigoroso, do que é brasileiramente habitual.

Essa observação vem a propósito do confronto entre o governo e o contingente de congressistas, aí incluída grande parte dos autodeclarados governistas, contrários à medida provisória dos portos. Ou seja, à proposta governamental que abre os portos privados ao uso geral e amplia a atividade, privada ou não, nos portos oficiais. O fluxo de dinheiro contra a aprovação de tal MP compete com o das correntezas marítimas.

Só na aparência são divergentes os comentários de Fernando Rodrigues e Valdo Cruz, na Folha, sobre a indiferente ou real responsabilidade dos negociadores do governo no impasse surgido. As duas percepções têm fundamento. Mas cabe juntar-lhes uma terceira, provavelmente merecedora da primazia.

Falta a Dilma Rousseff ser durona, xerife, inflexível. Ou melhor, se já é para dentro do governo, falta-lhe sê-lo de verdade, e não só nos chavões a título de jornalismo, mas na direção necessária. A "base aliada" no Congresso é inconfiável, na relação com o governo, porque grande parte joga na chantagem. De um lado ou do outro.

Ou o governo faz mais nomeações, libera mais dinheiro das emendas eleitoreiras dos parlamentares, facilita transações nos ministérios e nas estatais, ou os interesses privados no assunto em discussão --há sempre interesses privados em questão-- encontram as portas abertas. Portas ou bolsos, que a diferença, no caso, é nenhuma.

O confronto é motivado por interesses políticos ou privados, e não por divergências quanto ao interesse social, nacional e outros de alcance público? Nesses casos de todos os dias, só aceitar ouvir reclamações quanto a emendas eleitoreiras já é concessão injustificável. A resposta pode até conter certo cinismo benfazejo: "Vocês escolheram o dando é que se recebe, e vocês ainda não deram", salvo seja.

No grupo dos que hoje têm influência no direcionamento dos parlamentares, os que podem ser respeitados estão em minoria mínima. A maioria é dos que só entendem o jogo bruto. Com eles, para não se ver traído, é indispensável ser durona, xerife, inflexível. O que Dilma Rousseff, se é, não é na direção mais necessária.

CONFISSÃO

Desfaz-se a curiosidade. Com as reportagens da Folha sobre os tantos milhões do governo federal e da Caixa queimados pelo governador Eduardo Campos para a construção de casas prometidas e não entregues, descobre-se que se refere a ele mesmo o slogan que andou repetindo em viagens pelo país: "Precisamos fazer mais".


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página