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Comissão da Verdade chamará empresários vinculados à ditadura

A próxima coordenadora da comissão, Rosa Cardoso, quer ouvir executivos que teriam bancado a repressão

Historiadores apontam a participação de diversos empresários no financiamento da Operação Bandeirante

JOÃO CARLOS MAGALHÃES DE BRASÍLIA

A Comissão Nacional da Verdade vai convocar para prestar depoimentos públicos --além dos militares suspeitos de mortes, torturas e desaparecimentos-- os empresários que teriam contribuído para financiar a repressão política executada pela ditadura militar (1964-1985).

"Vamos chamar. Tem o elemento civil da ditadura. Hoje a academia chama [o regime] de ditadura civil-militar', então temos que falar desse elemento civil", disse à Folha Rosa Cardoso, que assume a coordenação do grupo por três meses no próxima sexta, substituindo Paulo Sérgio Pinheiro.

Os depoimentos públicos da comissão começaram com o do coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, 80. Na última sexta, ele confrontou aos gritos os membros do grupo e disse que a ditadura salvou o país de um suposto golpe comunista.

O entendimento de que a comissão deve descrever em seu relatório final (a ser entregue em maio de 2014) a participação empresarial na repressão já era consensual antes mesmo de o grupo ser empossado, um ano atrás.

A historiografia sobre o período descreve a participação de diversos empresários na repressão, em especial no financiamento da Oban (Operação Bandeirante), um grupo de integrantes das Forças Armadas e das polícias estaduais criado no fim dos anos 1960 com o fim de acabar com a resistência ao regime.

O caso mais famoso é o do empresário dinamarquês naturalizado brasileiro Henning Albert Boilesen. Apontado como financiador da Oban, ele foi assassinado por esquerdistas em 1971.

Segundo Rosa, é possível que primeiro sejam feitos os depoimentos públicos com militares e, depois, com os empresários. Na semana que vem, a comissão vai se reunir para decidir a lista dos nomes. Dificilmente serão chamados mais do que dez, afirmou. Os convocados podem ficar em silêncio, mas são obrigados a se apresentar.

Em sua gestão, Rosa irá fomentar a criação de novos comitês da verdade --grupos da sociedade civil que apoiam a comissão-- e fortalecer os subgrupos da comissão que apuram o que ocorreu com sindicalistas e com militares que se opunham ao regime.

Para ela, o colegiado tem mais oito meses para apurar as violações aos direitos humanos feitas no regime, uma vez que os últimos quatro meses devem ser dedicados à redação do relatório final.

A participação de empresários e de membros do Judiciário foi lembrada ontem por Paulo Sérgio Pinheiro num ato em que ele fez um balanço do primeiro ano de trabalho da comissão, empossada em 16 de maio de 2012.

Segundo ele, o relatório será contundente, explicitará a "cumplicidade de setores do Poder Judiciário no encobrimento de crimes" e vai "reconstituir a colaboração de empresas e empresários na manutenção do sistema paralelo de repressão articulado com as Forças Armadas".


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