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Vítimas da ditadura defendem investigações

DO RIO DE SÃO PAULO

Em depoimentos à Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro, a cineasta Lucia Murat e a historiadora Dulce Pandolfi defenderam ontem a apuração rigorosa dos crimes cometidos durante a ditadura militar.

Os relatos da violência sofrida por elas em interrogatórios comoveram a plateia.

Em um trecho de seu depoimento, Lucia descreveu a tortura sofrida na prisão: "De um momento para outro, estava nua apanhando no chão. Logo em seguida, começaram com os choques. Amarraram a ponta de um dos fios [elétricos] no dedo do meu pé enquanto a outra ficava passeando [atingindo diversas partes do corpo]", disse.

"Quando começaram a jogar água, estava desesperada e achei, num primeiro momento, que seria para aliviar a dor. Mas os choques recomeçavam muito mais fortes. Percebi que a água era para aumentar a força", disse Lucia.

Dulce Pandolfi lembrou que chegou a ser usada como cobaia em uma aula de tortura no DOI-Codi. "Era uma espécie de aula prática, com algumas dicas teóricas. Enquanto eu levava choques elétricos, pendurada no tal pau de arara, ouvi o professor dizer: Essa é a técnica mais eficaz'", afirmou.

"Acho que comecei a passar mal, a aula foi interrompida e fui levada para a cela. Alguns minutos depois, vários oficiais entraram na cela e pediram ao médico para medir minha pressão. As meninas gritavam, imploravam, tentando, em vão, impedir que a aula continuasse. A resposta do médico Amílcar Lobo foi: Ela ainda aguenta'. E, de fato, a aula continuou."

HERZOG

Também ontem, em São Paulo, Ivo Herzog, filho do jornalista Vladimir Herzog, morto pela ditadura militar em 1975, afirmou que o fotógrafo Silvaldo Leung Vieira foi "cúmplice" da repressão.

Vieira fotografou Herzog morto no DOI-Codi, e a imagem ficou conhecida por colocar em dúvida a versão oficial de que houve suicídio.

Vieira disse não se sentir cúmplice, mas vítima, e que se sente mal por ter participado do episódio. Afirmou que foi desaconselhado a denunciar a repressão e que, quando se deu conta da violência do regime, decidiu abandonar a corporação.


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