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Índio morre em confronto com a polícia

Pelo menos outras cinco pessoas ficaram feridas após ação de policiais federais e militares em Mato Grosso do Sul

É 'impossível no momento' apontar quem matou o índio, diz ministro, que promete 'apuração rigorosa'

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA DE CURITIBA

Um confronto entre índios terenas e as polícias Federal e Militar de Mato Grosso do Sul durante ação de reintegração de posse de uma fazenda em Sidrolândia (72 km de Campo Grande) deixou um morto e pelo menos cinco feridos na manhã de ontem.

Atingido por tiro no abdome, o índio Oziel Gabriel, 35, morreu em um hospital de Sidrolândia. Outros quatro índios e um policial tiveram ferimentos leves.

A PF disse que os policiais foram recebidos a tiros. "Se foi usada arma, foi por legítima defesa. É porque decerto a arma [não letal] não estava surtindo efeito", afirmou o superintendente da PF no Estado, Edgar Marcon.

Marcon disse que policiais federais foram feridos na operação, mas afirmou não saber quantos nem a gravidade dos ferimentos. A PF deteve 17 índios por desobediência.

O ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) disse ser "impossível no momento" dizer quem matou o índio. "Vamos apurar com muito rigor."

Sob a condição de anonimato, um indígena disse à Folha que tinham "arco e flecha, lanças e bombinhas [fogos de artifício]".

Segundo ele, a PF tentou negociar a saída do grupo, sem acordo, e "de repente começou a dar tiro". "Soltaram bombas de efeito moral, ardia o rosto da gente."

Antes de ser baleado, o índio morto foi fotografado empunhando arco e flecha.

A fazenda em questão, Buriti, integra a Terra Indígena Buriti, declarada em 2010 pelo governo federal como área de posse dos índios terenas. Na região, segundo a Funai (Fundação Nacional do Índio), vivem cerca de 4.500 índios, em nove aldeias.

A homologação da terra nunca foi concluída. Fazendeiros contestaram na Justiça a decisão do governo e conseguiram, no ano passado, derrubar a declaração de posse. A Funai recorreu.

A posse é disputada com o ex-deputado estadual Ricardo Bacha (PSDB), 64, que afirma que a área pertence à família dele desde 1927.

A área estava invadida desde o dia 15. Anteontem, Bacha conseguiu nova ordem de reintegração de posse, depois que a primeira, do dia 18, não foi cumprida.

Foi o segundo caso de morte de índio em confronto com a PF no governo Dilma Rousseff. Em novembro de 2012, um índio mundurucu foi morto em ação contra o garimpo ilegal no rio Teles Pires, entre Mato Grosso e Pará.

Pressionado por produtores rurais, o governo federal anunciou, no início do mês, que prepara um novo modelo para as demarcações de terras indígenas. Outros órgãos, além da Funai, serão ouvidos.


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