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Biografia de ex-ministro sai sem divulgação prévia
DE SÃO PAULOUma biografia não autorizada do ex-ministro José Dirceu que a editora LeYa havia desistido de publicar por medo de processos judiciais foi lançada ontem sem alarde pela Record.
O livro "Dirceu", escrito pelo jornalista Otávio Cabral, da revista "Veja", chegou às livrarias sem divulgação prévia.
A LeYa abandonou o projeto em maio por recomendação de sua assessoria jurídica em razão do temor de que qualquer pessoa citada na obra --além de Dirceu-- pudesse acionar a editora na Justiça.
"A gente sabe o que significa publicar biografias nesse Brasil", disse Pascoal Soto, diretor-geral da LeYa. Ele negou que Dirceu tenha ameaçado impedir a publicação.
"O livro foi descartado por nós, e os originais ficaram com o autor. Acho absolutamente normal que tenha publicado com a Record", afirmou.
A Record informou que só se pronunciará sobre a obra na segunda-feira. Dirceu não se manifestou.
ASSALTO
Em 343 páginas, Cabral conta a vida do petista da militância estudantil até a condenação no julgamento do mensalão, no ano passado. Ele entrevistou pessoas próximas a Dirceu e obteve dados pela Lei de Acesso à Informação.
O livro cita documentos do 2º Exército que apontam sua participação na morte de um sargento da PM em São Paulo, em 1972.
Militando no Molipo (Movimento de Libertação Popular), Dirceu e José Carlos Giannini teriam tentado roubar o carro do policial Thomas Paulino de Almeida. Um fiscal de obras disse que Giannini atirou na cabeça do PM.
Outras obras sobre o regime militar não indicam a participação de Dirceu no episódio. Segundo o livro "Habeas Corpus: Que se Apresente o Corpo", editado em 2010 pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, os órgãos de segurança acusaram outros três militantes do Molipo pela morte.
