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Flip 2013

Protestos se mesclam entre rua e debates

Tom político da Flip cresce no penúltimo dia, com manifestações nas ruas de Paraty e sátira em conversa entre poetas

Moradores reclamam de concorrência de grandes barcos, pedem mais livros e ingressos da festa mais baratos

DOS ENVIADOS A PARATY (RJ)

Muito debatidos em mesas de temática política dentro da Tenda dos Autores da Flip, os protestos populares ganharam ontem, penúltimo dia do evento, as ruas de Paraty, além de contaminar inclusive conversas mais literárias.

Marcada durante a semana, uma manifestação local juntou grupos com causas diversas a partir das 9h, quando foi bloqueado o cais turístico da cidade.

"Eu já falei/ vou repetir/hoje turista não passa por aqui", gritavam os manifestantes, àquela altura formados em sua maioria por barqueiros que vivem dos passeios turísticos e reclamavam da concorrência desleal de escunas de grande porte.

O clima invadiu a programação principal já na primeira mesa do dia, dedicada à poesia. Nela, o poeta Nicolas Behr, 55, apresentou cartazes que faziam referências às manifestações.

Após o bloqueio do cais, os manifestantes, entre eles membros do Fórum das Comunidades de Paraty e do Acorda Paraty, saíram em caminhada pelo centro histórico, rumo à prefeitura. Por volta das 16h, bloquearam a ponte que dá acesso à Tenda dos Autores, onde, naquele momento, acontecia a mesa com os escritores Laurent Binet e Aleksandar Hemon.

Binet se disse "empolgado" por vir ao país em meio às manifestações.

"Talvez seja a separação entre a intelectualidade e o povo. Vim querendo fazer parte da história, agora estou falando aqui e a história pode estar ocorrendo lá fora."

Minutos depois, gritos, assovios e palavras de ordem vindas do protesto, na ponte, invadiram a tenda.

À tarde, o prefeito de Paraty, Carlos José Gama Miranda, o Casé (PT), que assumiu no início do ano, disse que receberia os manifestantes. Quando o protesto, de cerca de cem pessoas, chegou à prefeitura, líderes foram convidados a subir ao gabinete.

Os manifestantes informaram que não tinham líderes e pediram ao prefeito que descesse, o que não ocorreu. "Vergonha, vergonha!", gritaram.

Além de conterem temas comuns a manifestações por todo o país, com dizeres contra as más condições de saúde e segurança, os cartazes destacavam uma questão diretamente ligada à Flip --pequenos grupos pediam mais livros e políticas de leitura.

Entre as bandeiras levantadas no protesto, uma dizia respeito ao alto preço dos ingressos da Flip (R$ 46 na Tenda dos Autores), inviáveis para a população local.

PRODUÇÃO CARA

A inglesa Liz Calder, criadora da Flip, disse que "seria bom" se os ingressos fossem mais baratos, mas que os custos de produção são altos.

A organização da Flip informa que todo ano 10% dos ingressos são disponibilizados gratuitamente a professores e alunos da rede local, mas que a procura é baixa.

No penúltimo debate da noite na Tenda dos Autores, ao lado do psicanalista Tales Ab'Saber e do historiador T.J. Clark, o filósofo e colunista da Folha Vladimir Safatle interpretou: "Vivemos uma volta da política à rua, que é o lugar natural da política brasileira".


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