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O papa no Brasil
Manifestantes acusam 'infiltrados' da PM
Integrantes dos protestos obrigam policiais a mostrar identidades para provar que não eram do serviço reservado
Manifestação no Rio começou pacífica, mas degringolou depois que policiais decidiram investigar denúncia
Os protestos da noite de quarta-feira e madrugada de quinta, no Leblon e Ipanema, tiveram momentos de negociação e tensão entre manifestantes e forças policiais.
A manifestação começou pacífica, às 17h30, com cerca de 300 pessoas gritando palavras de ordem contra o governador Sérgio Cabral, na esquina da rua Aristides Espínola, onde mora, com a avenida Delfim Moreira.
O primeiro momento em que a situação quase degringolou foi quando três policiais militares deixaram a área protegida pela polícia para apurar uma suposta denúncia de que estariam chegando manifestantes com coquetéis molotovs no local.
Os manifestantes cercaram os policiais obrigando-os a dar meia volta. Pouco depois, um homem de camisa social e boné se aproximou da grade, gritou para os policiais e tentou derrubar a estrutura. Foi contido pelos manifestantes: "É infiltrado".
A partir daí, criou-se um clima de neurose coletiva de que agentes infiltrados da polícia estavam ali para provocar confusão e precipitar reação violenta das autoridades.
Manifestantes com câmeras obrigaram dois homens a mostrarem suas identidades para provar que não eram do serviço reservado da PM.
Pouco antes das 23h, a polícia, como em outras manifestações, tentou dispersar a multidão lançando bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo. Os manifestantes resistiram por cerca de 10 minutos com escudos improvisados e responderam com pedras e fogos de artifício. Depois se espalharam pelo bairro depredando lojas e bancos, além de fazer barricadas com fogo na rua Ataulfo de Paiva.
Já em Ipanema, um grupo grupo aguardava a chegada de outros manifestantes quando duas viaturas da Polícia Militar, escoltando um PM à pé, se aproximaram.
"Eu posso ir aí falar com vocês ou vou ser agredido?", perguntou o PM. "Vocês têm o direito de se manifestar, mas eu preciso que vocês liberem a via. Vocês estão tirando o direito de ir e vir das pessoas que estão querendo sair para trabalhar", disse.
"Por que você não vem para o nosso lado? Você também é explorado", perguntou um jovem. "Eu fiz um juramento de que serviria ao Estado", disse o policial.