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Em São Paulo, Morales cobra da esquerda combate à corrupção

Líder boliviano encerrou reunião de partidos progressistas com alerta sobre riscos de protestos

'Se falta algo [para a população], a ideologia não serve de nada', disse ele, pedindo ainda pragmatismo econômico

FLÁVIA MARREIRO DE SÃO PAULO

O presidente da Bolívia, Evo Morales, encerrou ontem em São Paulo reunião de partidos esquerdistas da América Latina cobrando de seus colegas no poder pragmatismo econômico e combate à corrupção para evitar "levantes populares".

"Se falta algo [para a população], a ideologia não serve de nada", disse Morales, no ato final do Foro de São Paulo, organização que reúne as siglas de esquerda da região desde 1990.

"Se em um país, por mais de esquerda que seja o presidente ou o governo, falta alimento, ou falta movimento econômico, ou falta energia [elétrica], não há governos que possam suportar o levantamento de nossos povos", afirmou o boliviano.

A declaração de Morales ocorre às vésperas de uma nova bateria de eleições na região --incluindo as presidenciais no Brasil e na Bolívia no ano que vem-- e no momento em que governos esquerdistas enfrentam dificuldades no poder.

Na Venezuela e na Argentina, onde haverá eleições parlamentares decisivas em outubro, há desgaste por causa da inflação e outros problemas econômicos. No Brasil, a presidente Dilma Rousseff ainda tenta responder ao mal-estar evidenciado nos protestos de junho.

"Se nossos presidentes de esquerda fracassam em um país, então já não vamos seguir avançando nos processos de liberação", disse Morales, que afirmou ainda que "as pessoas estão fartas de corrupção".

O boliviano, que se reuniu anteontem com o ex-presidente Luiz Inácio da Silva na cidade, tentará seu terceiro mandato em 2014. Apesar de desgaste na própria base, especialmente entre indígenas não urbanos e do oeste do país, é favorito na disputa.

'CICLO DE MESMICE'

O tom de advertência de Morales surgiu em outros momentos do foro, em espécie de reflexo ao fato de a organização agora reunir siglas no poder em vários países.

Para o petista Valter Pomar, secretário-executivo do grupo, o domínio da esquerda na região, que ele data entre 1998 e 2008, foi abalado pela crise econômica, pela rearticulação dos conservadores e pelo "esgotamento do modelo" de crescimento econômico.

A série de eleições na região nos próximos meses e a capacidade dos governos esquerdistas no poder de dar "um salto de qualidade" em suas políticas nos novos mandatos vão definir o novo quadro, diz ele.

"No Brasil, nós vamos ganhar as eleições. Duvido que Morales corra risco de perder", afirma Pomar. "Mas minha preocupação é em que condições a gente vai ganhar. Você pode ganhar a eleição, mas não ter os meios de fazer um mandato superior. Aí você tem problema. Para a direita, não há muito problema fazer um ciclo de mesmice. Para nós, há."

Entre as condições necessárias para um "mandato superior", o petista lista maioria nos parlamentos, apoio social organizado e clareza programática.

No documento final do evento, que reuniu 91 organizações de 20 países da América Latina e do Caribe, o momento é chamado de "guerra de posições". O texto declara apoio a Dilma ante "manobras da direita" para "sabotar seu governo".


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