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Dilma promete diálogo com aliados e tenta adiar votações

Risco de rebelião no Congresso faz presidente rever estratégia com sua base

Em reunião com líderes, petista fala em discutir previamente com deputados projetos de interesse do Planalto

DE BRASÍLIA

Sob ameaça de rebelião de sua base de apoio no Congresso Nacional, que na prática retorna hoje das férias de julho, a presidente Dilma Rousseff trabalha para adiar a votação de projetos que lhe desagradam e, em reunião ontem com aliados, prometeu se abrir mais ao diálogo.

Acompanhada do vice, Michel Temer, e de mais quatro ministros --Ideli Salvatti (Relações Institucionais), Aloizio Mercadante (Educação), Alexandre Padilha (Saúde) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil)--, ela recebeu no Palácio do Planalto os líderes das bancadas aliadas na Câmara.

Segundo relatos, Dilma fez uma espécie de mea culpa e se comprometeu a discutir previamente com aliados determinadas propostas antes de encaminhá-las a votação.

"Hoje foi o início de uma retomada do período legislativo que terá grandes resultados na pacificação e no afinamento total da viola com a base no Congresso", disse o líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE).

Segundo ele, ficou acertado que o governo tentará convencer o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), a adiar a votação e discutir versão alternativa ao projeto que torna obrigatória a execução das emendas que os congressistas fazem ao Orçamento da União.

Mais cedo, porém, Alves reafirmou a intenção de votar a proposta hoje e disse que ela é "inegociável". Bandeira de sua campanha à presidência da Câmara, o projeto está na pauta da comissão criada para discutir o tema e desagrada o governo por representar gastos extras. Se aprovado, o texto segue para votação no plenário.

"No que depender de mim, do meu trabalho, esse toma lá dá cá de muitos anos, de muitos governos, em relação às emendas tem dia e hora para acabar." As emendas --que representam em sua maioria obras nos redutos dos parlamentares-- são usadas historicamente como moeda de troca entre governo e sua base no Congresso.

No encontro com Dilma, os deputados pediram ainda, além de um fórum permanente de diálogo com a base aliada, para que as matérias importantes tenham discussão prévia com os aliados.

Dilma, que se encontra hoje com os líderes das bancadas governistas no Senado, voltará a se reunir com os deputados na próxima segunda. Ontem ficou acertado que será adiada para a semana que vem a votação do texto que define a aplicação das receitas dos royalties do petróleo.

O Planalto insistirá na destinação de 100% das receitas para a educação (o projeto hoje em votação na Câmara reserva 25% para a saúde). Em contrapartida, relataram participantes do encontro, o Planalto passaria a apoiar projeto de iniciativa popular que destina 10% do PIB (Produto Interno Bruto) à saúde.

Embora a audiência de ontem tenha sido agendada para Dilma ouvir demandas dos parlamentares e pacificar o clima na base, boa parte do encontro serviu para ministros apresentarem e defenderem o programa Mais Médicos, de ampliação do quadro de profissionais de saúde em regiões remotas do país.

Dilma tem hoje uma base de apoio no Congresso com o maior grau de infidelidade desde 1989. Tanto na Câmara como no Senado há ameaça de rebelião, como a derrubada de vetos feitos por Dilma a projetos aprovados pelos deputados e senadores.

Antes do encontro com os deputados, Dilma fez gracejo com o clima de animosidade. "Eu tenho a impressão que a base só é brava com você, comigo ela não é brava", disse a presidente, em resposta à pergunta de uma jornalista. Em discurso à tarde, ela já havia dito que as divergências na base são "democráticas".


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