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STF abre novo inquérito sobre Costa Neto
Ministro determina investigação sobre envolvimento do deputado com esquema de tráfico de influência no governo
Procuradoria diz que parlamentar prestava e pedia favores a Paulo Vieira, da ANA (Agência Nacional de Águas)
O ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes atendeu a um pedido do Ministério Público e abriu inquérito para investigar a participação do deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP) nas irregularidades investigadas pela Operação Porto Seguro.
De acordo com o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, ao avaliar o áudio das interceptações telefônicas feitas durante a operação, foram identificadas diversas conversas entre Costa Neto e um dos investigados, Paulo Rodrigues Vieira.
A partir dos áudios o procurador-geral sustenta que "o parlamentar, valendo-se de sua influência política, tanto prestava como solicitava favores a Paulo Vieira, além de em certas ocasiões haver indícios de patrocínio de interesses privados perante a administração pública".
Por esse motivo, Gurgel afirma que é preciso investigar Costa Neto pelos crimes de advocacia administrativa e corrupção passiva.
GILMAR MENDES
Em seu despacho, Gilmar Mendes autorizou a abertura das investigações e pediu para que a Polícia Federal tome o depoimento dos supostos envolvidos no esquema.
O ministro, contudo, não pediu para a polícia ouvir o deputado Costa Neto, que é um dos réus condenados no julgamento do mensalão.
Procurado pela reportagem, o advogado do congressista, Marcelo Bessa, declarou que a Polícia Federal, durante a Operação Porto Seguro, não verificou a participação de Costa Neto nos crimes investigados.
"O deputado está encarando o caso com tranquilidade. Ser investigado não significa que se cometeu um crime. Nesse caso, a polícia não encontrou nada", disse.
A Operação Porto Seguro revelou um suposto esquema de fraudes em pareceres técnicos e em agências reguladoras e órgãos federais.
Deflagrada em novembro do ano passado, a operação prendeu os irmãos Paulo Rodrigues Vieira, diretor da ANA (Agência Nacional de Águas) e Rubens Carlos Vieira, diretor de Infraestrutura Aeroportuária da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
As investigações da Polícia Federal ainda apontaram o envolvimento da ex-chefe do gabinete da Presidência da República em São Paulo Rosemary Noronha e do então nº 2 da AGU (Advocacia-Geral da União) José Weber Holanda.