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Igreja quer abrir processo para beatificar Zilda Arns
Médica e sanitarista morreu em terremoto que devastou o Haiti há três anos
Ela era empenhada em causas ligadas ao combate à mortalidade infantil e fundou a Pastoral da Criança
A Igreja Católica quer beatificar a médica pediatra e sanitarista Zilda Arns (1934-2010), vítima do terremoto que devastou o Haiti há três anos.
O processo para a beatificação será aberto em 2015, segundo o arcebispo da Paraíba e presidente do conselho diretor da Pastoral da Criança, dom Aldo Pagotto.
Há uma norma da igreja que estabelece um prazo mínimo de cinco anos após a morte para apresentação à Santa Sé dos pleitos de beatificação e santificação -as exceções foram madre Teresa de Calcutá (1910-1997) e o papa João Paulo 2º (1920-2005).
Zilda é reconhecida internacionalmente pela criação das pastorais da Criança e do Idoso e pela atuação nessas entidades beneficentes. "Há o desejo de que as virtudes de dra. Zilda sejam reconhecidas", afirmou dom Aldo em entrevista à Rádio Vaticano.
Caberá ao arcebispo de Curitiba, dom Moacyr Vitti, oficializar o pedido após obter autorização da Congregação para as Causas dos Santos do Vaticano. Não há prazo para conclusão do processo.
"[Uma vez autorizados pela igreja] começaremos a coletar os testemunhos, que são imensos, de casos de salvação e também de todos os ensinamentos e práticas da dra. Zilda", disse dom Aldo à rádio.
Segundo Denilson Geraldo, professor de direito canônico do curso de teologia da PUC-SP, a beatificação requer o reconhecimento de ao menos um milagre pela Santa Sé. Para que uma pessoa seja considerada santa,porém, é preciso passar por um processo de canonização e comprovar um segundo milagre.
Para dom Aldo, que diz crer que o pleito de beatificação terá fácil aprovação, o que importa é valorizar e reconhecer as virtudes da médica e o legado deixado para as duas pastorais.
Fundada em 1983, a Pastoral da Criança completou 30 anos em 2013. Atuando no combate à mortalidade infantil e na melhoria da qualidade de vida das famílias, a entidade está presente em todo o Brasil -onde agrega cerca de 200 mil voluntários- e em mais 21 países da América Latina, África e Ásia.
"São práticas tão exitosas que hoje consistem em políticas públicas", afirmou dom Aldo durante a entrevista.
Zilda Arns morreu durante o terremoto que atingiu o Haiti em 12 de janeiro de 2010. Ela estava em Porto Príncipe para uma missão humanitária e discursava no momento em que a tragédia aconteceu.
A médica era empenhada em causas ligadas ao combate à mortalidade infantil, desnutrição e violência familiar. Foi indicada ao prêmio Nobel da Paz em 2006.
