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Análise

Ameaça à reeleição acelera abertura de cofres

Dilma podia se dar ao luxo de não agradar o Congresso com popularidade alta; cenário mudou depois de protestos

O PROBLEMA É QUE A CONFLAGRAÇÃO ESTÁ COLOCADA, E EM ESTADO AVANÇADO: VOTAÇÃO DE VETOS, REVOLTA NO COMANDO DO SENADO. A GUERRA SÓ COMEÇOU.

IGOR GIELOW DIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A abertura sem precedentes dos cofres públicos para parlamentares é a cereja do bolo que Dilma Rousseff foi obrigada a servir a partir do momento em que seu projeto reeleitoral foi ameaçado.

A presidente nunca escondeu a falta de apetite para a micropolítica congressual, o que é um contraponto curioso ao seu detalhismo obsessivo nas questões de gestão.

Relegou desde o começo a interlocução com o Congresso ao segundo nível, e cercou-se de auxiliares sem traquejo para a coisa.

Enquanto sua popularidade estava nas alturas, até os protestos de junho, Dilma podia se dar a esse luxo. Os tais profissionais do Parlamento, PMDB à frente, eram humilhados, e isso de certa forma era um ativo de imagem: a presidente "gerente" que não se envolvia no "jogo sujo".

Ocorre que a realidade tem a mania de estragar o que foi planejado pelos marqueteiros. O tombo nas pesquisas fez o governo se mexer.

Resultaram disso duas facetas da reação: a discussão sobre a reforma política (com ou sem plebiscito) e o programa Mais Médicos. A primeira fracassou de forma algo patética, por mal conduzida.

A segunda ainda é incógnita no resultado final, embora os balanços iniciais não sejam auspiciosos e haja dúvidas sobre sua eficácia.

Pior para o governo, o Mais Médicos conseguiu indispor Dilma com uma categoria com capilaridade opinativa enorme justamente sobre seu maior ativo, que foi a classe média conquistada em 2010.

Restou fazer o "jogo sujo". Reuniões igualmente inéditas em sua regularidade com líderes aliados, foto ao lado do desafeto-mor, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). E liberação de emendas parlamentares, aos borbotões.

Vai dar certo? Políticos experientes argumentam que a relação foi esgarçada demais, e que tudo o que os aliados vão fazer é raspar o tacho, cobrar suas faturas de dois anos de maus-tratos, e esperar as pesquisas no começo do ano.

Dali em diante, quem oferecer perspectiva de poder leva a maioria, com desvantagem ao governo no quesito empatia. Do lado do PT, o que está na manga é a conhecida cantilena do "Volta, Lula". A recuperação leve de Dilma encheu os estrategistas do Planalto de esperança, e certamente incentivará novos agrados à base.

O problema é que a conflagração está colocada, e em estado avançado: votação de vetos, revolta no comando do Senado, a própria questão de tornar as emendas impositivas. A guerra só começou.


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