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Análise

Presidente quer manter multa para blindar vitrine eleitoral

Em reação ao veto de Dilma, empresários praticamente obtiveram apoio para derrotar a presidente

VALDO CRUZ DE BRASÍLIA

Suprema incoerência. Talvez seja essa a melhor definição para a relutância da presidente Dilma em aceitar o fim da multa adicional de 10% sobre o saldo do FGTS nas demissões de trabalhadores sem justa causa.

Afinal, a presidente que defende a redução de custos das empresas, na busca de torná-las mais competitivas, insiste na medida que pesa nas contas do empresariado.

A explicação para tal incoerência está no campo eleitoral. A petista quer manter recursos para uma de suas bandeiras, o programa Minha Casa, Minha Vida.

Dilma vetou um projeto aprovado no Congresso, a partir de pressões do empresariado, que acabava com a multa adicional de 10% do FGTS. Enfraquecida, corre o risco de ter o veto derrubado.

Tal mecanismo foi criado para ser provisório. Existiria até cobrir a perda de recursos do FGTS gerada por planos econômicos como Collor e Verão. A conta foi quitada no ano passado e, teoricamente, a multa deveria ser extinta.

Só que o governo Dilma não quer perder os R$ 3 bilhões que a multa adicional gera a cada ano. Dinheiro que vai para o Fundo e é aplicado em programas sociais, como o Minha Casa, Minha Vida.

Em reação ao veto, empresários praticamente conseguiram o apoio para derrotar a presidente Dilma.

Têm a seu favor dois argumentos. Primeiro: o fim da multa adicional dá competitividade às empresas. Segundo: 2014 é ano de eleição, quando a turma do Congresso vai precisar de doações.

Na busca de evitar a derrota, Dilma vai tentar dourar a pílula de seu veto. Vai propor mantê-lo, oferecendo em troca a aprovação de um projeto com forte apelo eleitoral.

De autoria do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a proposta é depositar a multa adicional de 10% na conta individual dos trabalhadores, que poderiam sacá-la na aposentadoria. Bingo: o governo assegura seus recursos, e os trabalhadores ganham uma grana extra para quando decidirem vestir o pijama.

Se não colar, o Planalto vai se agarrar a outro projeto, que extingue gradualmente a multa. Garantiria ao menos parte dos recursos nos próximos anos, principalmente em 2014, o ano da reeleição.

Enfim, está criada uma batalha de interesses entre governo e empresariado. Em situações normais, o Planalto ganharia fácil a disputa.

Mas Dilma fez tão pouco caso de sua base que, agora, paga o preço pelos dois anos e meio de maus-tratos.

Hoje, nem a abertura dos cofres e das portas do Planalto para a base aliada seria suficiente para garantir vitórias ao governo. Pode diminuir o tamanho das derrotas.


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