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Música abafava grito de torturado no DOI-Codi, diz ex-preso político

Ativista afirma que ouvia Roberto Carlos enquanto tomava choques

DO RIO

Sem camisa e com as mãos amarradas para o alto. Em uma das celas do DOI-Codi, na rua Tutoia, no Paraíso, em São Paulo, Marcos Arruda disse ter sido submetido a choques elétricos em 1970.

Daquela noite, não sai de sua cabeça o refrão da música "Jesus Cristo", de Roberto Carlos, que afirmou ter ouvido enquanto era torturado. "A música alta foi colocada para que os vizinhos não ouvissem os gritos dos torturados."

Arruda narrou o episódio em audiência pública realizada ontem pelas Comissões da Verdade Nacional e do Rio. O evento, que continua hoje, debate o "Papel das igrejas durante a ditadura".

Ele diz que não era ligado a grupo político e que foi preso por ter ido encontrar sua dentista, militante da ALN.

"Depois de nove meses fui solto. Eles torturavam pessoas próximas diante de nós para nos obrigar a falar. Não há tortura maior que essa", afirmou Arruda.

Para hoje estão previstos os depoimentos de dom Waldyr Calheiros, bispo emérito da diocese de Volta Redonda, líder religioso que deu abrigo e facilitou a fuga de diversos perseguidos políticos para outros países.

O testemunho de dom Waldyr, que hoje tem 90 anos, será exibido em vídeo pré-gravado por causa de sua condição de saúde.

Também prestará depoimento o professor e bispo emérito da Igreja Metodista do Rio, Paulo Ayres Mattos, líder ecumênico e presidente da Koinonia - Presença Ecumênica e Serviço.

Mattos deu abrigo aos refugiados do Cone Sul que procuraram o Brasil nos anos 1970, após os golpes militares no Chile, Uruguai e Argentina.


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