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Doleiro chama político de 'chefe' em diálogo

Investigado por lavagem de dinheiro, Fayed Traboulsi acerta encontro com deputado federal na sede do governo do MA

Feita com autorização da Justiça, a conversa faz parte do inquérito da Operação Miqueias; político nega ilegalidade

FERNANDA ODILLA DE BRASÍLIA

A Polícia Federal interceptou um diálogo no qual o deputado federal Waldir Maranhão (PP-MA) combina um encontro no Palácio dos Leões, sede do governo em São Luís, com o doleiro suspeito de comandar um esquema de lavagem de dinheiro e desvio de fundos de pensão.

Gravada com autorização da Justiça, a conversa entre o deputado e o doleiro Fayed Traboulsi faz parte do inquérito da Operação Miqueias, da PF, aberto em fevereiro do ano passado e que apurou movimentação suspeita de R$ 300 milhões em 18 meses.

Além de Waldir Maranhão, a PF identificou que pelo menos outros dois deputados federais mantinham algum tipo de contato com integrantes da quadrilha investigada.

Eduardo Gomes (PSDB-TO), secretário do governo do Tocantins, e David Alcolumbre (DEM-AP) admitem que conheciam o doleiro e conversaram com ele. Os dois negam terem tratado de qualquer tipo de negócio ilegal.

Além da conversa que cita o Palácio dos Leões, Waldir Maranhão foi flagrado em um outro diálogo com o doleiro.

O deputado diz que marcou um encontro "lá em casa, à noite". Fayed questiona: "Lá em casa onde, aqui ou lá? Aqui em Brasília?". E Maranhão responde: "É. Aqui no meu apartamento". O doleiro encerra dizendo: "Então beleza. Tamo junto [sic]".

Em outra conversa, de novembro de 2012, Fayed chama o deputado de "chefe" e Maranhão responde "meu irmão, tudo bem?". No diálogo, o deputado orienta o doleiro a procurar um prefeito para resolver um negócio.

Maranhão foi secretário de Ciência e Tecnologia do governo Roseana Sarney (PMDB) até março de 2010.

A assessoria do deputado diz desconhecer qualquer diálogo no qual Maranhão e Fayed combinam encontro na sede do governo local. Informou ainda que o doleiro esteve no apartamento do deputado num jantar oferecido a parlamentares, assessores e empresários "para apreciarem a culinária do Maranhão" e que ele chama todo mundo de "meu irmão".

INQUÉRITO NO STF

Segundo nota da PF, as investigações "apontaram a possibilidade de que agentes públicos com prerrogativa de função estivessem envolvidos no caso" e, por isso, o inquérito foi enviado para o STF.

Caberá à mais alta corte autorizar a abertura de investigação para apurar a participação dos deputados e de outras autoridades que mantinham contatos suspeitos com integrantes da quadrilha.

A polícia deflagrou a Operação Miqueias há três semanas, quando apreendeu documentos, carros de luxo e uma lancha avaliada em R$ 5 milhões. A PF já identificou anotações da quadrilha que indicariam "suposto pagamento de comissão" a Gomes. O secretário nega ter recebido dinheiro para mediar encontros do grupo com prefeitos.

Mas são as conversas que revelam o contato estreito entre o doleiro e deputados.

"A análise do conteúdo das conversas interceptadas entre Fayed [...] e os deputados federais Carlos Eduardo Torres Gomes e Waldir Maranhão Cardoso, dentre outros, alguns somente mencionados nas referidas ligações interceptadas, [...] apontam para o possível envolvimento desses parlamentares com os objetivos da organização investigada", afirmou o desembargador Cândido Ribeiro na decisão em que determinou o envio do inquérito ao STF.

Na investigação, a PF identificou um esquema de desvio de recursos de fundos de pensão. O grupo é suspeito de oferecer vantagens a prefeitos para que investissem em fundos suspeitos.


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