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Filósofo analisa 30 anos de história política

Livro de Marcos Nobre disseca o 'pemedebismo' e fala em 'social-desenvolvimentismo'

(RICARDO MENDONÇA) DE SÃO PAULO

O filósofo Marcos Nobre passou os últimos anos lapidando a expressão "pemedebismo", conceito que elaborou em 2009 para designar a cultura política que, no seu entender, se tornou dominante no país a partir dos anos 80.

"Pemedebismo" seria um certo jeito de fazer política que nasceu com o PMDB e se alastrou. Entre suas características, ensina, estão o governismo, seja qual for o governo; o direito de veto do "condômino" quando o assunto em discussão diz respeito ao seu feudo; e o bloqueio de oponentes sempre pelos bastidores.

É, enfim, uma tecnologia "made in Brazil" muito bem-sucedida em seu objetivo final de travar qualquer chance de transformação. O "conservadorismo à brasileira", repete.

"Imobilismo em movimento", livro que acaba de lançar, é a narrativa dos últimos 30 anos de história política sob o prisma do "pemedebismo".

Nobre lamenta que a redemocratização tenha sido só formalmente cumprida e define o Brasil como um país "rico, extremamente desigual e com uma cultura política de baixo teor democrático". Sua pergunta essencial é como o sistema conseguiu manter sob controle os conflitos de uma sociedade com desigualdades tão escandalosas.

O "pemedebismo", em suas várias manifestações, foi a resposta que ele encontrou.

Na Constituinte, a figura do Centrão, bloco organizado para neutralizar aspirações mudancistas. Após o impeachment de Collor, a aceitação de que todos os governos teriam que dispor de maiorias esmagadoras pela "governabilidade". Depois, a organização do sistema em dois polos (PT e PSDB) que, no lugar do enfrentamento ao "pemedebismo", optam por disputar entre si quem seria seu condutor.

Mas Nobre não é pessimista. O triunfo de Lula, diz, consolida um modelo que finalmente deixa de aceitar como inevitáveis os indecentes padrões de desigualdade. É o "social-desenvolvimentismo".

Já os protestos de junho teriam sido um "rombo" na blindagem peemedebista. O rugido dizendo que certos modos não são mais toleráveis.


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