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Corpo de Jango será exumado amanhã

Peritos de quatro países vão retirar os restos mortais do presidente deposto em 1964; família suspeita de envenenamento

Corpo será levado de São Borja (RS) a Brasília para perícia, mas causa da morte pode ainda não ser confirmada

FELIPE BÄCHTOLD DE PORTO ALEGRE

Sob o argumento de "prestar honras" a um presidente que não foi homenageado na época da morte, o processo de exumação do corpo de João Goulart, programado para amanhã no Rio Grande do Sul, deve ser marcado pela mobilização política.

Peritos de quatro países --Brasil, Argentina, Uruguai e Cuba-- participarão da retirada dos restos mortais do presidente de um jazigo em São Borja (RS).

Jango (1919-1976), como era conhecido, foi deposto pelo golpe de 1964. O objetivo da exumação é esclarecer as circunstâncias da morte, quando ele vivia no exílio.

A causa oficial da morte foi infarto, mas a família e o governo federal suspeitam de assassinato por envenenamento por forças da ditadura militar (1964-1985). Não houve autópsia na época.

Em São Borja, a expectativa é que a população preste homenagens ao presidente durante o transporte dos restos mortais.

A ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos), do PT do Rio Grande do Sul e que coordena a iniciativa, pediu a participação de um grupo de partidos no ato. PDT, legenda dos herdeiros de Jango, busca protagonismo no caso e chegou a ter audiência exclusiva com a ministra.

Maria do Rosário diz que o objetivo da exumação é buscar informações sobre a morte, mas fala em "recuperar na memória da população" a figura de Jango: "Foi o único presidente que morreu no exílio e que não recebeu jamais as homenagens devidas".

De São Borja, amanhã, os restos mortais serão levados a Santa Maria (RS) e, no dia seguinte, ao Distrito Federal.

Na quinta, o corpo será recebido em Brasília com honras de chefe de Estado pela presidente Dilma Rousseff.

A perícia será feita no DF, e amostras serão enviadas a laboratórios no exterior.

A intenção é voltar a homenageá-lo novamente em 6 de dezembro, dia em que a morte completará 37 anos e o corpo deverá voltar a São Borja.

Na exumação serão colhidas amostras, mas a conclusão sobre o caso pode ocorrer só no futuro, quando surgirem tecnologias mais avançadas, segundo o governo.

A procuradora Suzete Bragagnolo, que investiga a morte de Jango, admite que é baixa a probabilidade de encontrar uma resposta na perícia: "Hoje não seria mais possível detectar algumas substâncias. Para outras ainda haveria chance. Depende do estado do corpo e outros fatores".

A hipótese de assassinato ganhou força em 2006, quando Mario Neira Barreiro, um uruguaio que atuou na repressão em seu país, disse a um filho de Jango que participou de complô para matar o presidente por envenenamento. Há provas de que Jango foi monitorado pela repressão no exílio.


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