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Justiça ouve testemunhas de sequestro na ditadura
Coronel Ustra e dois delegados do Dops são acusados de raptar colega do cabo Anselmo
A Justiça Federal em São Paulo deu início ontem à audiência do desaparecimento de Edgar de Aquino Duarte, ocorrido em 1973.
O Ministério Público Federal acusa o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra e os delegados Alcides Singillo e Carlos Alberto Augusto como responsáveis pelo sequestro.
É a primeira vez que agentes da repressão sentam no banco dos réus e são confrontados com testemunhas de crime cometido na ditadura.
Neste primeiro dia de audiência, as três testemunhas ouvidas identificaram o coronel Ustra --que não compareceu à sessão por problemas de saúde-- como responsável por torturas que ocorreram no Doi-Codi, onde Duarte teria ficado preso antes de ser levado ao Dops.
Os outros dois réus não foram identificados pelas primeiras testemunhas. Mas a expectativa da Procuradoria é que as próximas pessoas a serem ouvidas confirmem a passagem de Duarte pelo Dops e, consequentemente, o envolvimento de Singillo e Augusto --que eram lotados no órgão durante a ditadura.
Duarte era companheiro de apartamento do cabo Anselmo. A tese defendida pelo MPF é que ele sabia demais e, caso fosse solto, falaria que Anselmo estava operando como agente do regime militar.
Augusto admitiu ter prendido o cabo Anselmo, mas negou qualquer envolvimento com o sumiço de Duarte. Singillo também diz ser inocente.