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Marqueteiros têm divergências sobre doações de empresas

Veto ao financiamento empresarial de campanha é analisado pelo Supremo

Há quem fale em passo para acabar com a corrupção e quem diga que a proibição acabará sendo irrelevante

FABIANO MAISONNAVE DE SÃO PAULO

O impacto de um eventual veto a doação de empresas em campanhas políticas pelo STF (Supremo Tribunal Federal) está longe de ser um consenso entre marqueteiros ouvidos pela Folha.

As opiniões variam de "primeiro passo" para acabar com a corrupção no financiamento eleitoral a medida que favoreceria partidos com mais militância e até a proibição irrelevante.

O mais otimista com a possível proibição é Chico Malfitani, que, entre outras campanhas eleitorais, já trabalhou para o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) e para a ex-governadora Wilma de Faria (PSB-RN).

"A partir do momento em que a iniciativa privada financia todo o poder público, ele fica refém do capital privado", disse Malfitani.

"Pra mim, pode ser até um tiro no pé. Mas, como brasileiro, só posso ser a favor do fim do financiamento privado", completou.

Com experiência de 30 anos nesse tipo de negócio, Malfitani argumenta que a proibição total ajudaria a diminuir a corrupção.

Para ele, o ideal é que o financiamento seja exclusivamente público, o que facilitaria a fiscalização.

Próximo ao PSDB, o marqueteiro Nelson Biondi avalia que o fim das doações privadas "vai privilegiar os partidos que já são grandes ou que já têm recursos de militantes suficientes de arrecadação". É uma posição bastante ouvida no próprio PSDB.

PROPAGANDA

Para o marqueteiro da campanha presidencial de José Serra em 2002 --e futuro marqueteiro da campanha pela reeleição de Geraldo Alckmin no ano que vem em São Paulo--, a mudança tiraria 90% dos recursos atuais de campanha, inviabilizando os caros e bem produzidos programas de televisão.

Uma alternativa, afirmou Biondi, seria trocar as inserções de propaganda por debates televisivos entre candidatos.

"Aí não custa nada, pega o dinheiro de campanha e investe no programa de governo", disse ele.

TRANSPARÊNCIA

Já para Paulo de Tarso Santos, o inventor do famoso jingle "Lula-lá" da campanha eleitoral petista à presidência, em 1989, o ponto relevante não é a origem do financiamento, mas a transparência dos gastos.

"O importante é dar visibilidade aos custos. Que a sociedade possa ser informada sobre o que são os custos reais, e não ficar se enganando com prestações de contas na Justiça Eleitoral."

Tarso Santos, marqueteiro da campanha presidencial de Marina Silva em 2010, afirmou que a maior transparência melhoraria a má imagem de sua profissão.

"Os marqueteiros se transformaram no bode na sala do sistema, como se a democracia não tivesse custo e a nossa participação na vida democrática não fosse importante", disse ele.

O julgamento por parte do Supremo deve ser concluído apenas no ano que vem.

Até anteontem, 4 dos 11 ministros da corte julgaram a doação por parte de empresas --principal fonte de financiamento de partidos e candidatos em campanhas-- inconstitucional.

Caso a tendência de proibição seja mesmo confirmada, só então o Supremo Tribunal Federal decidirá quando o veto completo entrará em vigor.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que propôs a ação, defende um prazo de dois anos para o Congresso Nacional mudar a lei.

Para as eleições de 2014, desta forma, não haveria nenhuma alteração.


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