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Renan critica 'rolezinho político' no Congresso
Após usar avião da FAB para fazer implante capilar, presidente do Senado pede 'moderação'
Com a expectativa de menor ritmo de trabalhos no Congresso em 2014 (que terá Copa e eleições), o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), pediu ontem que os parlamentares não façam "rolezinhos políticos" e priorizem as ações do Legislativo.
No discurso de abertura do ano legislativo, o senador defendeu que os congressistas tenham "comedimento" com recursos públicos e disse que a palavra de ordem do Congresso deve ser "moderação".
"Estas Casas devem priorizar a agenda legislativa, já que temos, como todos sabem, uma pauta eminentemente política no segundo semestre, que são as eleições. Me amparando em um termo dos dias atuais, vamos priorizar o rolezinho legislativo' em vez dos rolezinhos políticos', e sem descambar para a irresponsabilidade fiscal", afirmou.
O discurso de Renan ocorre um mês depois de o senador ter usado avião da FAB (Força Aérea Brasileira) em viagem de Brasília a Recife, em 18 de dezembro, para fazer uma cirurgia de implante de 10 mil fios de cabelo.
O presidente do Senado reapareceu em Brasília ontem e os resultados do seu implante capilar só devem ser visíveis em alguns meses.
Depois que a viagem foi revelada pela coluna Painel, da Folha, o senador devolveu R$ 27,4 mil aos cofres públicos pelo uso do avião da FAB.
No seu discurso, Renan também pediu que os congressistas não precipitem a "tensão pré-eleitoral" ao longo dos trabalhos de 2014.
O senador disse que o ano deve ser de "moderação", incluindo a não apreciação de propostas que tragam impactos fiscais ao país.
"Essa coisa de que o Congresso pode ajudar no desequilíbrio fiscal está completamente errada. O Congresso que demonstrou responsabilidade em todos os momentos está disposto a repeti-la."
Para Renan, o debate político deve ocorrer durante as eleições, nos palanques eleitorais, e não dentro do Congresso. "Temos que otimizar os trabalhos legislativos."
Renan falou que o Legislativo deve ao país uma "reforma política digna deste nome". Por isso, segundo o senador, os congressistas deveriam aproveitar as eleições para ouvir a população em plebiscito ou referendo sobre mudanças no sistema político.
"A reforma política só será realidade acompanhada da chancela social, seja através de um plebiscito ou referendo, como defendeu corretamente a presidente Dilma Rousseff", afirmou. (GABRIELA GUERREIRO E MÁRCIO FALCÃO)