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Só no cafezinho

Para recompor capital político e enfrentar disputa à reeleição num cenário considerado 'adverso' pelos próprios aliados, Alckmin chega a participar de 12 eventos públicos em apenas três dias

DANIELA LIMA DE SÃO PAULO

Quando ouviu o barulho da chuva forte batendo no teto do recém-inaugurado ambulatório de especialidades da cidade de Itapecerica da Serra (SP), o governador Geraldo Alckmin (PSDB) ergueu e sacudiu as mãos unidas, como quem agradece aos céus.

"Agora precisamos de chuvisco todos os dias. Itapecerica é privilegiada. Já tem o seu Chuvisco na prefeitura", disse, fazendo um trocadilho com o apelido do prefeito.

A ameaça de racionamento na Grande São Paulo é o mais novo problema na lista do tucano, que vai concorrer à reeleição neste ano num cenário considerado "adverso" até por seus aliados.

Líder nas pesquisas, ele vê a disputa se aproximar ladeado por ao menos dois adversários de peso. Alexandre Padilha, ex-ministro da Saúde, é a aposta do PT para batê-lo. Historicamente, independente do nome que apresente, o partido tem no mínimo cerca de 30% dos votos no Estado.

Tentando furar a polarização entre petistas e tucanos, vem o presidente da Fiesp, Paulo Skaf (PMDB). Ele já aparece em pesquisas com cerca de 20%.

Há outras peculiaridades. Pela primeira vez desde 1994, o PSDB não terá um candidato paulista à Presidência. O nome do partido para o Planalto é o senador Aécio Neves (MG), ainda pouco conhecido no Estado. Nas palavras de um tucano, "de início, não somará nada ao governador", mas "pode ajudar se encarnar a novidade".

A esse cenário soma-se ainda a imprevisibilidade das manifestações, que desde junho do ano passado derrubaram avaliações de diversos governantes, Alckmin inclusive. A expectativa é que os protestos ganhem mais força durante a Copa do Mundo.

Para recompor seu capital político, Alckmin tem posto em prática um de seus jargões mais famosos. Está, como costuma dizer, "amassando o barro".

Ontem, antes de chegar a Itapecerica, esteve em Jaraguá. No sábado, foi a seis cidades. Semana passada, outra maratona: cinco compromissos na sexta, seis no sábado e dois no domingo.

Só em Itapecerica, fez três aparições: discursou numa praça, foi a uma padaria e, por fim, ao ambulatório. Quando terminou, passava das 14h. Comeu alguma coisa? "Café, né." Foram três cafezinhos em uma hora e meia. Desde junho, perdeu 5kg.

O alívio para a fome veio no carro, na volta para o Palácio dos Bandeirantes: dois tabletes de paçoquinha. No caminho, Alckmin conversou com a Folha.

Ele rebateu as afirmações de que há esgotamento tucano por causa dos quase 20 anos de sucessivos governos. "São Paulo avança. Há duas décadas, tinha o PIB igual ao da Argentina. Hoje, é quase duas vezes", disse. "Temos a melhor capacidade de investimento do país."

Questionado sobre a disputa e os ataques de adversários --Padilha, por exemplo, tem dito que o governo é lento e que "falta coragem" para enfrentar o PCC--, ele desconversou de início. "Antecipar o processo eleitoral encurta o governo, o que é ruim para a população", disse.

Mas, ao comentar especialmente as declarações relacionadas ao PCC, foi incisivo: "O papel da oposição é falar mal do governo. Mas, se fala mal sem base na realidade, cai em descrédito. O povo não é bobo. É um grande equívoco subestimar a capacidade de julgamento das pessoas."

"Os grandes avanços no sistema penitenciário aconteceram em São Paulo. Quando não sabia o que fazer com o Fernandinho Beira Mar [em 2003], o governo federal pediu para ele ficar 30 dias aqui. Acabou ficando dois anos. Nossa disposição é ajudar, não fazer disputa política."

Alckmin defendeu as manifestações e condenou "atos de violência". Sustentou que "não tem um centavo do governo do Estado na Copa do Mundo". "O que fizemos foram obras no entorno, na região leste, necessárias com ou sem Copa."

Demonstrando disposição, improvisou piada com o número do PT ao rebater o discurso de que expansão do metrô é lenta. "São quatro linhas em construção, até o fim do ano serão seis. De trem, a linha 13, do aeroporto de Cumbica...", fez uma pausa e continuou: "Cito a 13, porque não sou supersticioso".


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