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Os últimos passos de Rubens Paiva

20 de janeiro de 1971

0h Cecília Viveiros de Castro e Marilene de Lima Corona são presas no aeroporto do Galeão, ao desembarcar do Chile. Elas levavam cartas de exilados que seriam entregues a Rubens Paiva

12h Seis agentes do Cisa, o serviço secreto da Aeronáutica, prendem o deputado cassado em casa, no Leblon (zona sul). Homens armados com metralhadoras impedem sua família de sair

Início da tarde Rubens Paiva é levado para o quartel da 3ª zona aérea, no aeroporto Santos Dumont. A unidade era chefiada pelo brigadeiro João Paulo Burnier, o oficial que tramou a explosão do gasômetro do Rio

Início da noite Cecília e Paiva são levados no mesmo carro para o DOI-Codi, na Tijuca (zona norte). Os dois são interrogados pela equipe do sargento Antonio Fernando Hughes de Carvalho. O general Belham examina papéis apreendidos com o deputado

21 de janeiro de 1971

2h Após horas de tortura, os militares chamam o médico do DOI Amílcar Lobo para examinar Paiva, que tem o corpo marcado por pancadas e sinais de hemorragia abdominal. O deputado consegue abrir os olhos e murmura duas vezes: "Rubens Paiva"

16h O hoje coronel reformado Armando Avólio Filho vê Hughes pressionando o deputado contra a parede na sala de interrogatório. Ele e o capitão Ronald Leão vão até Belham e avisam que o preso pode morrer se não for internado. O general lava as mãos

Fim da noite O então capitão Raymundo Ronaldo Campos e os sargentos Jacy e Jurandyr Ochsendorf encanam uma farsa para justificar o desaparecimento de Paiva e incendeiam um carro no Alto da Boa Vista. O Exército passa a sustentar que o deputado foi resgatado por guerrilheiros

Rubens Beyrodt Paiva
Nasceu em Santos em 1929. Formou-se em engenharia pelo Mackenzie em 1954. Atuou na campanha "O petróleo é nosso"

Deputado federal
Em 1962, é eleito deputado federal pelo PTB-SP. Participa da CPI sobre o Ipes-Ibad, instituição que participou do golpe militar

Golpe e Exílio
Após o golpe, Paiva é cassado com base no Ato Institucional nº 1 e se exila na Iugoslávia e depois na França

Retorno e mudança
Em 1965, volta ao Brasil. Muda-se com a família para o Rio, mas mantém contato com exilados

Desaparecimento
Em 1971, é levado por militares ligados à Aeronáutica e desaparece. Militares alegam que ele foi resgatado por "terroristas"

Redemocratização
Em 1985, após a posse de José Sarney, um inquérito conclui que Paiva foi morto pela ditadura. Ninguém foi responsabilizado

Revelação
O médico Amílcar Lobo, que atuava no DOI-Codi, revela que Paiva morreu por causa da tortura

Atestado
Em 1996, após a Lei dos Desaparecidos por FHC, é emitido seu atestado de óbito

Comissões da Verdade
Em 2013, o coronel Raymundo Ronaldo Campos admite no Rio a farsa para encobrir a morte. Em 2014, a Comissão Nacional da Verdade acusa o general José Antonio Belham e o sargento Antonio Fernando Hughes pelo assassinato

A VERSÃO DO EXÉRCITO

Em 1971, o Exército disse à imprensa que Paiva foi resgatado por "terroristas" quando era transportado por agentes do DOI-Codi no Alto da Boa Vista, no Rio. A farsa foi desmontada há anos, mas as Forças Armadas se recusam a admitir que o deputado morreu no DOI-Codi. O Exército também não comenta as conclusões da Comissão da Verdade.


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