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Fundador de SP, padre Anchieta será canonizado

Após 417 anos de espera, sacerdote será declarado santo pelo Vaticano

Para assinar decreto de reconhecimento, papa Francisco vai abrir mão da comprovação dos milagres

BRUNO BENEVIDES DE SÃO PAULO

Foram 417 anos de espera, mas em abril o padre José de Anchieta finalmente será declarado santo pelo Vaticano. O reconhecimento porá fim a um dos mais longos processos de canonização da história, que começou em 1597, ano de sua morte.

Para assinar o decreto que transformará o religioso em santo, o papa Francisco vai abrir mão da comprovação dos milagres. Tradicionalmente, são necessários pelo menos dois para que alguém seja declarado santo --um para a beatificação, outro para a canonização. Anchieta não tem nenhum.

"Em vida ele conseguiu vários, mas após sua morte são inúmeros os milagres e as graças atribuídas por sua intercessão", afirma o padre César Augusto, vice-postulador da causa que atuou como uma espécie de advogado de defesa da canonização.

Padre Augusto explica, porém, que obstáculos como a falta de exames médicos dificultavam a comprovação desses feitos --para que os milagres sejam reconhecidos, é preciso provar que não existe explicação científica para o fenômeno.

No Brasil, pelo menos três milagres atribuídos a Anchieta eram acompanhados pela Igreja Católica, mas a dificuldade em comprová-los levou a uma mudança de estratégia. A alternativa foi investir na amplitude da devoção e provar que Anchieta já tinha seguidores e fiéis. Deu certo.

"Podemos assegurar, com nomes e endereços, que Anchieta possui mais de cinquenta devotos e multiplicadores de sua causa em cada Estado, sem falarmos da forte devoção nas Ilhas Canárias", afirma padre Augusto.

A canonização sem milagres já ocorreu outras vezes. Recentemente, o próprio Francisco declarou santo outro jesuíta sem milagres reconhecidos, o padre Pierre Favre. Já o papa João 23, que também será canonizado em abril, teve um milagre reconhecido quando virou beato, mas será declarado santo sem uma segunda ocorrência.

Francisco é o primeiro papa jesuíta, ordem à qual pertencia Anchieta. Porém, para o padre Augusto, esse aspecto comum a ambos "não deve ter ajudado na canonização". Ele diz não conhecer nenhum relato de devoção do papa ao beato.

O processo de canonização de Anchieta foi o primeiro iniciado no Brasil. Ele será o terceiro santo do país --não existe um levantamento oficial.

Antes dele, receberam a denominação Madre Paulina (em 2002) e Frei Galvão (em 2007). Nascida na Itália, ela foi canonizada 60 anos após sua morte. Já no caso de Frei Galvão, único santo nascido no Brasil, a nomeação demorou 185 anos.

Anchieta será canonizado por decreto e terá uma cerimônia simples em Roma. A decisão foi tomada após um pedido da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos) feito diretamente ao papa.

Para comemorar a sagração, a arquidiocese de São Paulo tocará o sino de todas as igrejas da cidade simultaneamente e realizará missa em homenagem ao religioso.

Apesar de ter nascido nas Ilhas Canárias, Anchieta ficou conhecido como o "apóstolo do Brasil" por sua atuação no país. Além de ter participado da fundação de São Paulo, em 1554, ele esteve também no Rio de Janeiro, no Espírito Santo e em cidades do Nordeste.


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