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Ricardo Melo

O PMDB e a água que rola em SP

A possibilidade de ocorrer rompimento ou crise séria na aliança governamental é próxima de zero

Não há nada certo na vida, exceto a morte e os impostos. Aplicada à política brasileira, a frase de Benjamin Franklin poderia muito bem receber um adendo: e o jogo de cena de peemedebistas ameaçando romper com o presidente de plantão.

O líder do partido da Câmara, Eduardo Cunha, é o porta-voz do momento. Político de biografia atribulada, alvo de processo no Supremo Tribunal Federal, Cunha tem a fama de não engolir desaforo.

Aproveitou o Carnaval para içar a bandeira de "repensar a aliança" com Dilma Rousseff e trabalhar por um tal de blocão no Congresso.

O motivo? Alega menosprezo do Planalto. Com isso, tenta ampliar a fatia dos cunhistas na administração federal, pois nunca dá para falar a seco em peemedebista numa legenda recortada em condomínios. A característica, como se sabe, é que torna a agremiação tão forte e tão fraca ao mesmo tempo.

Mesmo sem conhecer, quando escrevo, o resultado da reunião entre Dilma e representantes do partido, dá para dizer com bastante segurança: a possibilidade de rompimento ou de crise séria na aliança governamental é próxima de zero.

A troco de que os cardeais do PMDB romperiam com um governo com tamanho grau de aprovação, líder das pesquisas de opinião, favorito nas eleições e no qual o partido tem cargos de primeiro, segundo e terceiro escalão aos montes? Para ficar com Eduardo Campos, Aécio Neves, Marina Silva, Joaquim Barbosa? Fala sério.

Outra razão. O Congresso, normalmente não muito chegado ao batente, este ano terá pouca, ou quase nenhuma influência na ordem das coisas. Com a Copa do Mundo batendo às portas, convenções partidárias e eleições gerais fechando o calendário, já se pode inferir como será o expediente da moçada. Não há bloquinho nem blocão que resista.

O que deve comandar a agenda política daqui para a frente, aí sim, são as tais alianças estaduais. Uma delas em especial concentra as atenções: São Paulo.

Além da óbvia importância política e econômica, a batalha pelo Bandeirantes tem um significado particular e simbólico para o PT.

Trata-se de desbancar o PSDB em seu principal bastião, com tudo o que isso implica no redesenho da política nacional.

Por mais que o governador Geraldo Alckmin ostente números aceitáveis de aprovação, até o tucano mais xiita tem consciência do perigo do momento. A administração estadual tem sido alvejada de todos os lados por escândalos envolvendo a dinastia tucana.

Três proeminentes secretários estaduais, entre eles o chefe da Casa Civil, homem forte do governo, estão encrencados na Justiça.

A coisa é tão séria a ponto de o governador enfrentar dificuldade para achar peças de reposição.

Não é automático ver isto revertido em perda de votos --afinal os petistas foram reeleitos mesmo com todo o barulho do chamado mensalão. Mas num partido onde o cada um por si sempre falou mais alto do que o jogo em grupo, o clima de salve-se quem puder se soma a novos e velhos problemas.

A imagem de um poder paralelo agindo de dentro das próprias cadeias é corrosiva para qualquer governo.

As últimas denúncias sobre o PCC chocam ainda mais quando, até outro dia, o então secretário de Segurança Pública falava que o grupo só existia na cabeça de jornalistas! Agora o fantasma do racionamento de água, que já afeta quase meio milhão de moradores na região de Campinas, assombra a própria capital. E não adianta culpar São Pedro. Por mais não fosse, números mostram que 25% da água captada pela Sabesp é desperdiçada por vazamentos, problemas técnicos e má administração.

É neste cenário que um partido como o PMDB tende valer bem mais que seu valor de face, como fiel da balança de uma disputa das mais emocionantes. O resto é a bravata de sempre.


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