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Ex-diretor de estatal negocia com oposição ida à Câmara
Cerveró indicou a deputados que aceitará falar sobre compra de refinaria
CGU vai instaurar processo disciplinar para apurar se houve omissão de informações a conselho da Petrobras
A oposição negocia com o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró sua ida ao Congresso Nacional para depor sobre a compra da refinaria de Pasadena (EUA).
Os entendimentos ocorrem após Cerveró sinalizar estar disposto a dar a sua versão sobre o polêmico negócio de US$ 1,18 bilhão, investigado pelo Tribunal de Contas da União, Polícia Federal e Ministério Público por suspeita de ter causado prejuízo aos cofres da Petrobras.
A intenção da oposição é tentar aprovar a partir de amanhã, em diferentes comissões, requerimentos para que ele deponha na Câmara.
Personagem-chave no polêmico negócio, Cerveró foi afastado da diretoria de Finanças da BR Distribuidora, uma subsidiária da Petrobras, na semana passada, dias depois de a presidente Dilma Rousseff apontá-lo como responsável por um parecer "falho" que teria induzido o Conselho de Administração da Petrobras a aprovar o negócio, em 2006.
Segundo a Folha apurou com deputados, Cerveró sinalizou a interlocutores que está disposto a falar. Ele estava em férias na Europa quando foi demitido e deve voltar ao país no dia 5.
A estratégia da oposição é apresentar requerimentos convidando o ex-diretor a depor nas comissões de Minas e Energia, Fiscalização e Controle, Finanças e Tributação e Relações Exteriores.
Paralelamente à ação da oposição, o governo deflagrou operação para barrar a tentativa de criação de uma CPI para investigar o caso.
O Planalto teme que dissidências em sua base aliada reforcem a ação da oposição, hoje sem número suficiente para aprovar uma CPI.
Desde a quinta, a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) tem telefonado para os líderes das bancadas e para os presidentes de partidos governistas para evitar as chamadas "traições".
Após reunião na noite de ontem com Ideli, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), disse que o governo orientará ministros a dar esclarecimentos no Congresso. O objetivo é tentar esvaziar os argumentos pró-CPI. "Queremos que os ministros possam vir ao Congresso Nacional explicar, que a presidente da Petrobras [Graça Foster] possa também estar, essa transparência todos nós queremos e o governo vai dar", disse.
Liderada pelo pré-candidato à Presidência da República Aécio Neves (PSDB-MG), a oposição se reúne hoje para discutir a instalação da CPI. O pré-candidato do PSB, Eduardo Campos, defendeu a abertura da comissão caso o governo não preste os esclarecimentos devidos.
São necessárias assinaturas de 171 deputados e 27 senadores para criar a CPI.
A ex-ministra Gleisi Hoffmann (PT-PR) subiu ontem à tribuna do Senado para acusar a oposição de ter intenções "eleitoreiras". "Essa insistência em se criar CPI está ligada ao processo eleitoral. Não me parece que tenha fato novo", afirmou.
O ministro-chefe da Controladoria-Geral da União, Jorge Hage, afirmou que o órgão irá instaurar um processo disciplinar, de caráter punitivo, para apurar as responsabilidades na suposta omissão de informações ao conselho da Petrobras.