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Deputado elogia golpe e tumultua sessão na Câmara sobre ditadura

Jair Bolsonaro foi impedido de falar; presentes deram as costas a ele e cerimônia foi encerrada

Duas mulheres se agrediram no plenário e tiveram que ser separadas por deputado do Solidariedade

DE BRASÍLIA

A sessão solene realizada ontem pela Câmara dos Deputados para lembrar os 50 anos do golpe militar de 1964 foi marcada por confusão e teve de ser interrompida por dois momentos.

O primeiro foi após duas mulheres terem se agredido dentro do plenário. A confusão começou quando o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), principal defensor, no Congresso, da ditadura militar, estendeu uma faixa nas galerias do plenário com os dizeres: "Parabéns militares 31/março/64. Graças a vocês o Brasil não é Cuba".

Deputados e pessoas contrárias ao golpe vaiaram Bolsonaro. Neste momento, Ivone Luzardo, ligada à Associação das Mulheres de Militares, teve o cartaz que erguia arrancado das suas mãos por uma assessora parlamentar.

As duas mulheres se agrediram e precisaram ser separadas pelo deputado Domingos Dutra (SDD-MA).

Idealizadora da solenidade, a deputada Luiza Erundina (PSB-SP) foi a primeira a discursar. "Pouco adiantarão atos de repúdio ao golpe militar de 1964 se não vierem acompanhados de ações concretas no sentido de fazer justiça às vítimas da ditadura", disse. Outros quatro deputados também discursaram.

Em seguida, Bolsonaro subiu à tribuna para falar. No entanto, ele foi impedido pela maioria dos presentes. Segurando cartazes com fotos de perseguidos políticos e os dizeres "a voz que louva a ditadura calou a voz da cidadania", eles se viraram de costas para o deputado e entoaram o Hino Nacional.

A solenidade acabou sendo encerrada antes do previsto. De acordo com o secretário-geral da Mesa, Mozart Viana, o regimento da Câmara afirma que não pode haver desrespeito ao orador. "Ficar de costas é o pior desrespeito. Eles ficaram de costas não só para o Bolsonaro, mas também para a Mesa", disse.

CENSURA

Em entrevista a jornalistas antes da sessão, Bolsonaro xingou uma repórter ao ser questionado sobre se não houve golpe militar no país.

Após chamá-la de idiota, ignorante e afirmar que ela deveria aprender a fazer jornalismo, ele disse que a repórter estava "censurada".

No início da noite, o presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), criticou o encerramento da sessão sem que Bolsonaro pudesse falar. Para ele, o combinado era que todos os congressistas teriam direito à discursar na tribuna, independente da posição.

"O acertado era dar a palavra ao deputado Bolsonaro. Estava combinado este formato, e é direito dele. Depois eu soube que manifestações com algumas pessoas no plenário dando as costas, porque o regimento não permite, levou a não poder cumprir o combinado. Lamento profundamente, porque ele teria direito, sim, de dispor da palavra, mesmo não concordando", afirmou.


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