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Professor faz apologia a regime e tem aula interrompida na USP

Manifestação, que ocorreu na Faculdade de Direito, foi filmada

GABRIELA TERENZI PAULA REVERBEL PEDRO IVO TOMÉ DE SÃO PAULO

Estudantes da Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo) interromperam com protestos a leitura de um texto do professor Eduardo Gualazzi, intitulado "Continência a 1964".

Parte da fala do professor, feita em aula na última segunda-feira, foi filmada. Ontem, o vídeo que registrou a manifestação dos alunos tinha mais de 20 mil visualizações no YouTube.

O registro mostra parte do discurso pró-ditadura do professor: "A história informa que as tiranias vermelhas terminaram afogadas num holocausto de sangue e corrupção total", dizia Gualazzi.

Nesse momento, estudantes que estavam do lado de fora da sala começam a simular sons de tortura e, em seguida, entram na sala vestindo capuzes sobre a cabeça.

O professor, nervoso, tira o capuz de uma das alunas e tenta segurar o braço de outro jovem. Os estudantes seguem entrando no local cantando a música "Opinião", de Zé Keti, um dos hinos da resistência ao regime militar.

Procurado ontem pela reportagem, Gualazzi disse que se tratava de um assunto interno da faculdade. "Eu dei a minha aula e ponto final."

"É material de aula. Uma aula normal. Distribuí um material em sala --eu mesmo fiz xerox e distribuí. O assunto está encerrado. [Foi] Como qualquer aula", explicou.

O professor disse ainda que o tema foi abordado a pedido dos alunos. "Esse é um assunto de sala de aula, não é um assunto público, para entrevistas pela mídia, a mídia não tem nada a ver com isso."

O diretor da faculdade de direito da USP, José Rogério Cruz e Tucci, chamou o episódio de "abominável". Na opinião de Tucci, faltou "serenidade e prudência" a Gualazzi e aos alunos que invadiram a sala.

"Ele [Gualazzi] não estava dando [só] a opinião dele, estava fazendo uma apologia ao golpe militar", disse.

O diretor criticou também os alunos: "Agiram de forma descompensada. Deveriam enfrentar o professor com as palavras, e não com bumbos e pontapés na porta".

Segundo a estudante do 3º ano do curso Camila Sátolo, 22, uma das organizadores do ato, Gualazzi já vinha anunciando aos alunos que faria uma "aula especial" para o que chamou de aniversário de "50 anos da revolução".

"No dia em que a gente está fazendo atos de memória pela resistência à ditadura militar, não podemos deixar um professor falar sobre o regime que comprovadamente infringiu os diretos humanos", disse Sátolo.

O presidente do Centro Acadêmico XI de Agosto, Igor Moreno, diz que não ajudou a organizar o ato, mas endossa a manifestação. "Ele fez um documento, registrado em cartório, com uma série de impropérios que cabem dentro do direito de livre manifestação dele, mas não é um conteúdo adequado para a sala de aula", argumentou.

Enquanto Gualazzi ministrava sua controversa aula, Tucci e outros professores participavam de um protesto contra a ditadura.


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