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Obra nos EUA foi estopim de disputa entre estatal e belgas

Petrobras queria contratar Odebrecht para ampliação estimada em US$ 2,5 bi

Empresa afirmava que construtora era a única brasileira com 'larga experiência' no mercado americano

SAMANTHA LIMA DO RIO RAQUEL LANDIM ENVIADA ESPECIAL AO RIO DAVID FRIEDLANDER DE SÃO PAULO

Poucos meses depois de comprar metade da refinaria de Pasadena, no Texas, a Petrobras tentou convencer seus sócios do grupo belga Astra a contratar as construtoras brasileiras Odebrecht e UTC para dobrar a capacidade da nova empresa.

A obra, estimada pela Petrobras em US$ 2,5 bilhões, não estava prevista e era muito cara na opinião dos belgas. A discussão em torno do projeto se transformou no estopim da briga que levou a estatal à nebulosa compra da outra metade da refinaria.

As filiais da Petrobras no exterior não são obrigadas a fazer licitações, mas é praxe convidar alguns grupos para uma comparação de preços.

Documentos internos da estatal, obtidos pela Folha, mostram que a Odebrecht estava escolhida desde o início para ampliar a refinaria texana. A obra não chegou a ser realizada, porque os sócios se desentenderam.

Nas justificativas para a contratação da construtora, a Petrobras dizia que a Odebrecht era a "melhor alternativa" por ser a "única empresa brasileira que detém larga experiência no mercado de engenharia americano".

Também recomendava que a construtora baiana fizesse uma parceria para a obra, "preferencialmente com a UTC Engenharia".

Em novembro de 2006, dois meses após assinar contrato com a Astra, a diretoria- executiva da Petrobras deu aval para seus representantes nos EUA "atuarem" junto aos belgas, com o objetivo de obter a "concordância" para a Odebrecht dobrar a capacidade da refinaria para 200 mil barris de óleo por dia.

"A Petrobras trouxe unilateralmente e ficou insistindo em um projeto de duplicação da refinaria", afirmaram os advogados da Astra no processo da Justiça do Texas em que as duas empresas se enfrentaram.

A Petrobras perdeu e acabou pagando US$ 1,18 bilhão por uma refinaria adquirida pelos belgas por US$ 42,5 milhões em 2005.

PROJETO MELHOR

Em uma reunião em Copenhague, na Dinamarca, em setembro de 2007, José Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobras, disse pessoalmente aos representantes da Astra, que tinha o "direito" de propor um "projeto melhor" para Pasadena e que a unidade teria que ser duplicada.

Os belgas responderam que a ampliação era "dispendiosa", "não tinha racionalidade econômica" e "trazia custos adicionais" entre US$ 3 bilhões e US$ 5 bilhões". Eles enfatizaram que a única alternativa era a Petrobras comprar a sua parte.

Quando a obra foi cancelada, por causa da briga dos sócios, a Odebrecht já tinha sido convidada pela estatal e montava uma equipe para trabalhar no projeto.

A UTC também começou a se preparar para a ampliação de Pasadena. Pessoas ligadas às construtoras não sabem por que a estatal sugeriu a contratação da UTC e dizem apenas que as duas empresas fazem muitas obras juntas.

Procuradas, Petrobras, Astra e Odebrecht não quiseram se manifestar. A UTC afirmou por nota desconhecer "a solicitação para que tivesse preferência para formação de eventual joint venture".

Em outubro de 2010, a Odebrecht foi contratada pela Petrobras para obras ligadas à segurança e ao meio ambiente em Pasadena, no valor de US$ 175 milhões.

O contrato terminou em fevereiro e fazia parte de um pacote de obras para a estatal em dez países.

Esse pacote está sendo investigado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), após a Petrobras fazer uma revisão das obras e reduzir os US$ 825,6 milhões previstos em contrato pela metade.

A Petrobras é um dos principais parceiros de negócios da Odebrecht. São sócias na Braskem, maior petroquímica da América Latina, e a construtora está nos principais projetos da estatal, como a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, também investigada pelo TCU por suspeita de superfaturamento.


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