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Francisco vai celebrar missa para são José de Anchieta
Canonização, oficializada ontem, será comemorada em Roma no dia 24
Jesuíta é o 3º santo do Brasil; país tem 12 casos de beatos que precisam ter milagre atestado para se tornarem santos
Com a assinatura do decreto que tornou José de Anchieta santo, uma missa presidida pelo papa Francisco para celebrar a nomeação foi anunciada para o próximo dia 24 na Igreja de Santo Inácio de Loyola, em Roma.
O pontífice oficializou na manhã de ontem a canonização do terceiro santo do Brasil, que passa a se chamar são José de Anchieta. Considerado "apóstolo do Brasil", o jesuíta foi declarado pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) padroeiro dos catequistas.
A entidade convidou os governadores de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo, arcebispos e prefeitos das capitais destes Estados para a cerimônia em Roma. A organização também quer levar um ou dois representantes dos povos indígenas, que serão escolhidos pelo Conselho Missionário Indigenista, vinculado à CNBB.
No Brasil, a celebração do novo santo será no dia 4 de maio, no Santuário Nacional de Aparecida (SP).
Nascido nas Ilhas Canárias, Anchieta veio em 1553 para o Brasil, onde teve forte atuação na conversão dos índios ao catolicismo e na interlocução entre portugueses e indígenas. "É um santo de coração brasileiro. Deu sua vida ao Brasil e aos povos indígenas", afirmou o cardeal d. Raymundo Damasceno, presidente da CNBB.
Anchieta também participou da fundação do Colégio de São Paulo de Piratininga, berço da capital paulista.
A assinatura da canonização encerra um processo de 417 anos. A perseguição aos jesuítas, que culminou na expulsão da ordem do Brasil em 1759, é um dos fatores que atrasaram o processo, segundo religiosos e especialistas.
Outro entrave para a canonização era a falta de atestado de dois milagres, critério da Igreja Católica para conceder o título de santo.
Após pedido da CNBB, o papa Francisco aceitou o argumento de que a fama de santidade e a vida exemplar de Anchieta eram suficientes para considerá-lo santo.
Esse argumento, porém, não deve bastar para os outros 12 processos de beatos brasileiros que postulam o título de santo. Entre eles estão irmã Dulce, beatificada em 2011, e Francisca de Paula de Jesus, a Nhá Chica, que recebeu o título em 2013.
Nesses casos, as dioceses responsáveis devem reunir todas as provas requisitadas pelo Vaticano para provar a realização de um milagre.
A maioria dos candidatos brasileiros já provou outro milagre na beatificação --a exceção são os mártires, caso de cinco processos.
O país tem ainda três veneráveis e 83 servos de Deus, primeiros passos no longo caminho da santificação.