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Entrevista da 2ª - Rui Falcão

'Mesmo com tsunami contra governo, Dilma ainda lidera'

PARA O PRESIDENTE DO PT, QUEDA DE SEIS PONTOS DA PETISTA NO DATAFOLHA NÃO PREOCUPA, JÁ QUE ADVERSÁRIOS NÃO CRESCERAM

VALDO CRUZ DE BRASÍLIA

Apesar da queda de seis pontos de Dilma Rousseff no Datafolha, o presidente do PT, Rui Falcão, enxerga motivos para comemorar, dado o "tsunami" de notícias negativas que o Planalto enfrentou nas últimas semanas.

"Houve um verdadeiro tsunami contra o governo e, mesmo assim, ela continua liderando, os adversários não cresceram e a confiança de mudança está do nosso lado", afirmou o deputado paulista, futuro coordenador da campanha de reeleição.

Na pesquisa, Dilma foi de 44% para 38%, enquanto Aécio Neves (PSDB) manteve 16% e Eduardo Campos (PSB) oscilou de 9% para 10%.

Falcão não vê motivos para uma elevação no tom do "volta, Lula" ensaiado por aliados do ex-presidente dentro do próprio PT e no empresariado. "Mas ela continua ganhando no primeiro turno. Se o Aécio e o Eduardo Campos estivessem grudando nela, tivessem crescido e ela caído, você poderia até achar que existe algum risco."

Sobre o forte sentimento de mudança manifestado pelos eleitores, ele diz que a pesquisa mostra desejo de "mudança com continuidade".

A seguir, a entrevista concedida para comentar o Datafolha, no qual Dilma também viu a avaliação positiva de seu governo recuar de 41% para 36%, patamar considerado, pelos petistas, como um sinal amarelo.

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A queda de Dilma no Datafolha acendeu o sinal amarelo?
Rui Falcão -- Apesar do tsunami de notícias negativas contra o governo e a presidente Dilma, a pesquisa ainda retrata vitória dela no primeiro turno. A oscilação que ocorreu mostra um voto vigoroso dela e um voto frágil dos oponentes.

Mas houve queda na intenção de voto e na avaliação do governo. Mostra voto vigoroso?
Voto vigoroso, sim, ela continua ganhando no primeiro turno. É mais fácil a gente manter e crescer do que a oposição crescer o suficiente para se viabilizar.

Mas a pesquisa segue mostrando um forte sinal de sentimento de mudança de políticas de governo.
Primeiro, a pessoa que é mais credenciada, digamos assim, para realizar as mudanças é o Lula. E, se você somar o Lula com a Dilma, porque Lula é Dilma, quem arregimenta o sentimento de mudança é o nosso campo. Quem tem capacidade de mudar para a população é quem está do lado de cá. Não é uma mudança contra a Dilma, é uma mudança com o nosso campo e no nosso campo.

Mas o sentimento de mudança não sinaliza que algo está errado no governo?
A aspiração de mudar e querer mais é natural, mas os eleitores identificam que quem tem capacidade de mudar é quem está do lado de cá. Não vamos desassociar o Lula da Dilma.

Agora, isso não fortalece o coro do volta, Lula', já que ele é visto como mais preparado para fazer as mudanças?
Mas a candidata continua liderando, continua ganhando no primeiro turno, por que você vai mudar? Existe [o coro do volta, Lula'], as pessoas falam, o Lula é uma pessoa muito querida, mas a Dilma também é. Ambos são.

Mas o sr. não acha isso um risco, não haverá uma pressão pela troca se ela continuar caindo nas pesquisas?
Acho que não. Isso teria ocorrido se ela tivesse sido suplantada pela oposição. Se o Aécio e o Eduardo Campos estivessem grudando nela, tivessem crescido e ela caído, você poderia até achar que existe algum risco. Mas isso não ocorreu. E olha que a pesquisa foi feita num período que captou todo noticiário negativo que se difundiu.

Que tipo?
O rebaixamento da nota [de classificação de risco do Brasil] é uma notícia negativa. A divulgação das expectativas de inflação pelo boletim Focus [feito pelo Banco Central com avaliações do mercado] e pelos analistas econômicos, de que a inflação pode crescer até setembro, para depois começar a declinar. Você pega os episódios da Petrobras, apesar de ser uma campanha contra a empresa. E, por último, essas denúncias, não comprovadas, envolvendo um deputado do PT [André Vargas] em particular. Houve um verdadeiro tsunami contra o governo e, mesmo assim, ela continua liderando, os adversários não cresceram e a confiança de mudança está do nosso lado. É mais fácil potencialmente a gente crescer do que os nossos adversários crescerem. Para nós, é manter e crescer. Para eles, é crescer muito.

O que o governo tem de fazer para estancar essa queda e voltar a crescer?
A continuidade das ações do governo, a aprovação do Marco Civil da Internet.

Mas, dentro do grupo de interlocutores do presidente Lula, a avaliação é que ela precisa atacar a inflação.
A inflação está sendo combatida. É que você vai removendo os meses do ano passado, em que a inflação foi muito baixa, mas ela já está se retraindo nos alimentos. A tendência é ainda subir um pouquinho para depois recuar.

A pesquisa mostra que o tema inflação está preocupando muito mais a população.
Mas ela continua achando que tem emprego, distribuição de renda, que os salários estão crescendo. É isso que sustenta, contra todo pessimismo, a expectativa que é melhor manter o atual governo. O que você tem é um sentimento de continuidade com mudança. Ou se preferir, mudança com continuidade. Em ambos os casos, isso vem a nosso favor, que é a manutenção da Dilma.

Mas a pesquisa mostrou um desapontamento do eleitorado com a presidente, indicando que 63% avaliam que ela está fazendo menos do que o esperado.
Quando começar o tempo de TV [propaganda gratuita eleitoral] e pudermos mostrar tudo o que está sendo feito e foi feito, essa sensação vai desparecer. Porque muita coisa foi feita. Não é só o Mais Médicos, o Minha Casa, Minha Vida, as obras de infraestrutura, o Pronatec, as concessões de rodovias. Vai ter a própria Copa, que será [algo] positivo. Se essa sensação ainda se mantiver, você esclarece no horário eleitoral, que será grande para nós.

Como sempre tem ocorrido, o mercado financeiro deve abrir em alta por causa da queda da presidente na pesquisa. Como você analisa isso?
Olha, tem entrado recursos no país, os juros estão mais favoráveis, eu não associo melhoria do mercado à oscilação na pesquisa.

Os próprios analistas dizem que, quando Dilma cai, a Bolsa sobe, o dólar recua.
O mercado não varia assim. Você tem de pegar as outras variáveis econômicas, quanto está entrando de investimentos, quais são as taxas de juros, a instabilidade do mercado mundial, a segurança da economia brasileira, temos grandes reservas internacionais. O mercado não varia por causa de oscilação de pesquisa. Pela lógica de vocês, isso deveria valorizar a oposição, o Aécio e o Eduardo, eles deveriam ter crescido.

E o coro dos empresários, que defendem o 'volta, Lula'?
Bom, aí você tem de perguntar para eles.


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