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Irmão de petista trabalhou para doleiro

Diálogos captados pela PF na Operação Lava Jato mostram André Vargas cobrando um pagamento de Youssef

Líder do PT, Vicentinho diz que deputado afastado da Câmara estuda possível renúncia do mandato

DE BRASÍLIA

Diálogos captados pela Polícia Federal na Operação Lava Jato mostram o vice-presidente licenciado da Câmara dos Deputados, o petista André Vargas (PR), cobrando do doleiro Alberto Youssef um pagamento para seu irmão, Milton Vargas.

Na versão do petista, o irmão havia sido contratado por Youssef para prestar um serviço de tecnologia para a empresa Labogen no segundo semestre de 2013.

A Polícia Federal diz que Youssef é um dos chefes de esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado cerca de R$ 10 bilhões de forma suspeita.

A Labogen, afirma laudo da PF, foi usada pelo doleiro para fazer remessas ilegais de US$ 37 milhões ao exterior.

"Sabe por que não pagam o Milton?", escreveu Vargas em troca de mensagens com o doleiro datada de 19 de setembro, se referindo a Milton Vargas Ilário. "Calma que vai ser pago. Falei para você que iria cuidar disso", responde o doleiro Youssef.

Vargas disse ontem à Folha que Youssef procurava um profissional para realizar um serviço de tecnologia e que ele recomendou o trabalho do irmão, que entende da área''. Segundo ele, o serviço avaliado entre R$ 76 mil a R$ 78 mil, nunca foi pago.

"Lamento ter colocado meu irmão nesta situação, tê-lo exposto. Um competente profissional da informática, que mora no exterior, lamento", afirmou o deputado.

Quando a relação de Vargas e Youssef veio à tona, o deputado alegou desconhecer eventuais atividades ilícitas envolvendo o doleiro.

Procurado pela Folha, o advogado de Youssef, Figueiredo Bastos, disse desconhecer o ocorrido. A reportagem não conseguiu localizar Milton Vargas na noite de ontem.

Uma das hipóteses levantadas pela PF é a de que o deputado e o doleiro sejam sócios na Labogen, o que o deputado nega.

RENÚNCIA

O deputado federal Vicentinho (SP), líder do PT na Câmara, conversou na tarde de ontem com o deputado licenciado André Vargas (PT-PR) e afirmou que, apesar de ele manter o pedido de licença do mandato, está refletindo sobre uma possível renúncia.

"Conversei com o André Vargas hoje [ontem] e ele está absolutamente convencido da sua inocência. Ele está refletindo [sobre a possibilidade de renúncia]. Essa decisão cabe estritamente a ele. Por enquanto ele está de licença e de hoje para amanhã a gente pode ter o desfecho."

Segundo a Folha apurou, Vargas está sofrendo uma forte pressão para renunciar, mas ainda resiste sob argumento de que não há provas contra ele e de que gostaria de se defender no cargo. No início da semana, o deputado anunciou que se licenciaria por 60 dias.

O petista está sob intensa pressão desde que a Folha revelou que uma viagem sua de jatinho, de Londrina a João Pessoa, com familiares, foi paga pelo doleiro, que está preso. Em conversas ontem, Vergas afirmou que não pode ser massacrado'' pelo fato de ter utilizado o avião.

Anteontem, a Justiça Federal do Paraná enviou para o Supremo Tribunal Federal parte da investigação da operação que contém mensagens e diálogos do deputado com Youssef. Já o O Conselho de Ética da Casa abrirá o processo contra o petista na tarde de hoje.

Apresentado pelos partidos da oposição PSDB, DEM e PPS, a representação pede que sejam investigadas as relações de Vargas com o doleiro Alberto Youssef.

INELEGÍVEL

Para o presidente do conselho, deputado Ricardo izar (PSD-SP), mesmo que Vargas renuncie antes da instauração do processo, ele já estaria inelegível por oito anos de acordo com a Lei da Ficha Limpa.

"Analisei melhor a legislação e ficou claro que ele já está inelegível porque a representação já chegou ao Conselho de Ética", disse.

Alguns congressistas, porém, dizem que a inelegibilidade valeria apenas após o início do processo.

Após a abertura do processo, hoje, o conselho terá 90 dias para concluí-lo. "Não vou adiar a sessão porque quero dar um rápido prosseguimento ao caso. Teremos o recesso de julho e quero concluir tudo antes do recesso", afirmou Izar.

O conselho sorteará três deputados que poderão relatar o caso. Izar escolherá um dos nomes da lista para ser o relator.


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